Lula nunca interferiu no BNDES, diz Coutinho
Presidente do banco disse que não há orientação ideológica nas ações da instituição
O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, afirmou na CPI que investiga empréstimos do banco que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nunca interferiu nas operações da instituição.
Ele foi questionado pelo deputado João Gualberto (PSDB-BA) sobre suposto tráfico de influência do ex-presidente na aprovação de projetos em Cuba e na Venezuela.
O deputado também quis saber sobre a influência do ex-ministro José Dirceu, preso e investigado pela Operação Lava Jato, nas atividades do banco, especificamente sobre as obras da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, onde há suspeita de superfaturamento.
"Não há ingerência em nenhum dos projetos tratados no BNDES (...). O BNDES avalia estritamente em bases técnicas a consistência, o risco e as garantias dos projetos", afirmou Coutinho.
O financiamento à exportação de bens e serviços, principalmente para Cuba, Venezuela e Angola, foi o maior alvo das perguntas dos deputados da CPI, que consideram as condições dos empréstimos pouco transparentes.
Coutinho respondeu que operações de apoio a exportações são realizadas pelo BNDES desde a década de 1990 e que elas representaram em sua gestão apenas cerca de 2% do total desembolsado pelo banco.
"O volume que o banco desembolsou em infraestrutura no Brasil é incomparavelmente maior", afirmou.
Ele também disse que não há orientação ideológica de parte do BNDES na concretização de apoios a projetos de comércio exterior.
Confrontado com uma suposta reunião realizada com Ricardo Pessoa, dono da UTC, preso na Operação Lava Jato, em que teria orientado o empresário a procurar o petista Edinho Silva para fazer doações eleitorais para o partido, Coutinho confirmou a existência do encontro, mas negou ter tratado de doações. "Não participei de financiamento de campanha."
A CPI também aprovou nesta quinta requerimentos de convocação de ex-presidentes e diretores do banco, entre eles Guido Mantega. Ex-ministro da Fazenda de Dilma Rousseff, Mantega presidiu o BNDES de 2004 a 2006, no governo Lula.