Petrolão
Dirceu fica calado em CPI e em depoimento na Polícia Federal
PF deve indiciar ex-ministro nesta terça-feira (1º) e encaminhar relatório ao Ministério Público
Defesa de petista pede transferência para presídio e alega que ele precisa de 'visitas por períodos maiores'
O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu manteve-se em silêncio tanto na CPI da Petrobras, que se preparou para ouvi-lo na manhã desta segunda-feira (31), em Curitiba, quanto na Polícia Federal, ao ser chamado para depor sobre seu envolvimento em investigações da Operação Lava Jato.
A operação da PF o levou à prisão na 17ª fase da investigação, deflagrada há um mês e batizada de "Pixuleco".
Há indícios de que o petista recebia pagamentos de empreiteiras que prestaram serviços à estatal por consultorias que nunca teriam ocorrido e que o dinheiro poderia ser propina.
A defesa de Dirceu sustenta que os serviços contratados foram prestados.
Segundo a Folha apurou, a PF deve indiciar Dirceu nesta terça-feira (1º) por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa e encaminhar o relatório ao MPF (Ministério Público Federal), que então deve formalizar a denúncia contra ele.
O advogado do petista, Roberto Podval, afirma não ter tido acesso a todas as acusações. O criminalista pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal) acesso à delação premiada do dono da UTC, Ricardo Pessoa, que afirmou ter feito pagamentos ao ex-ministro como parte do esquema. A solicitação foi negada.
"Sou obrigado a manter o Zé, contra a vontade dele mesmo, em silêncio, para poder ter conhecimento pleno da acusação, para depois poder falar", disse o advogado.
A conduta do petista na PF foi a mesma que teve pela manhã na CPI, quando se limitou a dizer aos deputados que permaneceria em silêncio, sendo dispensado menos de 15 minutos depois do início do depoimento.
O congressista Delegado Waldir (PSDB-GO) lhe perguntou se seria o "líder dessa organização criminosa" ou se haveria alguém acima dele. O deputado Carlos Andrade (PHS-RR) questionou se Dirceu "deveria ser considerado um traidor do Brasil".
Apenas dois petistas compareceram: o relator da CPI, Luiz Sérgio, e a deputada Maria do Rosário (RS), que defendeu o ex-ministro dizendo que ali não havia ninguém "que foi danoso ao patrimônio público ou à Petrobras".
Nesta segunda, a defesa de Dirceu protocolou uma petição pedindo que ele seja transferido para o Complexo Médico Penal, onde estão a maioria dos presos da Lava Jato, como o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto.
No documento, a defesa alega que, no presídio, Dirceu teria "visitas familiares por período maior" e a "possibilidade de ter acesso a locais maiores e mais abertos".
O juiz Sergio Moro ainda não decidiu sobre a transferência.