Aliado de Renan não explica patrimônio à PF
Segundo investigação, dinheiro do deputado Aníbal Gomes cresceu 20 vezes em 4 anos
Em seu depoimento à Polícia Federal, o deputado federal Aníbal Gomes (PMDB-CE), aliado do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), não soube explicar o salto de seu patrimônio.
Segundo a PF, o patrimônio declarado de Gomes pulou de R$ 300 mil, em 2006, para R$ 6,8 milhões em 2010.
Em depoimento no mês passado –e que consta do inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal como desdobramento da Operação Lava Jato–, o deputado disse que apenas seu contador poderia explicar o crescimento. Indagado sobre quem seria o contador, Gomes disse se chamar "Tim", mas que desconhecia seu nome completo, embora ele trabalhe para o parlamentar "há mais de 20 anos".
O deputado negou ter recebido propina de empresas que tinham negócios com a Petrobras e disse que seu patrimônio real está em R$ 1 milhão.
No depoimento, Aníbal reconheceu que declarou à Justiça Eleitoral guardar R$ 1,5 milhão em espécie na sua casa, em 2010, e R$ 1,8 milhão em 2014. Sobre a segunda quantia, porém, o deputado afirmou "que não sabe a origem da mesma" e que possuía "efetivamente" R$ 200 mil.
Sobre o financiamento de sua última campanha, Aníbal Gomes forneceu à PF indícios de caixa dois. A PF quis saber a origem de um depósito de R$ 200 mil que o próprio parlamentar fez em sua conta na campanha de 2014.
Gomes explicou que os "valores procedem de pequenas quantias doadas por amigos".
SEM RELAÇÃO
Também em depoimento à PF, Renan afirmou que não tem relação próxima ou não conhece os principais personagens do esquema de corrupção na Petrobras.
Admitiu, porém, que o ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa esteve em um almoço em sua casa, levado por Gomes, mas diz que, na ocasião, o PMDB negou apoiá-lo para assumir uma outra diretoria.
Sobre Gomes, que é apontado pelas investigações da Lava Jato como o intermediário de Renan no esquema, o presidente do Senado diz que sua relação com ele é "protocolar" e que tiveram encontros "eventuais".