Decisão do STF faz eleições caírem 'no limbo', diz Cunha
Para o presidente da Câmara, ação no Supremo não impede que Congresso aprove financiamento privado
Proposta de Emenda à Constituição sobre o tema, aprovada na Câmara, ainda será votada no Senado
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), evitou discutir o mérito da decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que proibiu o financiamento privado de campanhas, mas avaliou que as eleições de 2016 ficaram "numa zona de sombra".
Em agosto, a Câmara aprovou Proposta de Emenda à Constituição que permite a doação empresarial. O texto está no Senado. Se for aprovado, essas doações voltarão a valer. "As eleições de 2016 vão ficar num limbo de dúvida desnecessário", disse Cunha.
Para o peemedebista, a decisão do STF não impede que os senadores votem a PEC. "A menos que tenha sido uma decisão de tornar a proibição uma cláusula pétrea da Constituição, e não me parece que seja o caso, acho que ainda pode ser passível de modificação", afirmou o deputado.
Publicamente favorável a doações de empresas para campanhas, Cunha diz que a decisão pode fazer com que os senadores votem mais rapidamente. Recentemente, o Senado votou contra projeto de lei, que já havia passado pela Câmara, que tratava do mesmo tema. Esse texto está à espera de sanção ou veto da presidente Dilma Rousseff.
Do lado do PT, defensor do financiamento exclusivamente público de campanha, a decisão foi comemorada.
Líder da sigla no Senado, Humberto Costa (PE) afirmou que o resultado deve motivar Dilma a vetar o projeto aprovado pela Câmara que permite doação de até R$ 20 milhões.
Sobre a cobrança que Cunha fez ao Senado, Costa disse que o deputado não aceita a vontade da população e se sente dono do Congresso. "A maioria não quer mais o financiamento privado. Ele pensa que é dono do Congresso", afirmou.