Impacto sobre a dívida de empresas preocupa governo
Avaliação é que o dólar precisa voltar a ficar abaixo de R$ 4 para reduzir pressões inflacionárias e impacto sobre endividamento
A disparada do dólar pelo segundo dia consecutivo, mesmo com intervenção do BC, gerou tensão no governo por causa dos riscos de piora da crise econômica.
A avaliação é que o dólar deveria ficar abaixo de R$ 4 para reduzir pressões inflacionárias e impacto preocupantes nas dívidas de empresas, como a estatal Petrobras (leia mais na pág. A23).
Segundo assessores presidenciais, a saída passa pela rapidez na aprovação do ajuste fiscal, principalmente da recriação da CPMF.
A expectativa da equipe de Dilma era que o mercado estivesse mais calmo nesta quarta (23), depois de o governo ter conseguido manter vários vetos na sessão do Congresso.
SEM FUGA
Nesta quarta, o BC afirmou que a alta do dólar não está relacionada à fuga de capitais do país. O chefe da mesa de operações do BC, Alan Mendes, afirmou que, "apesar da volatilidade no mercado, não está havendo saída de moeda estrangeira do país".
Dados até o último dia 18 mostram saída de US$ 593 milhões em operações financeiras em setembro, valor mais que compensado pela entrada de US$ 976 milhões por meio do comércio exterior.
De acordo com o BC, a alta do dólar reflete a demanda no mercado futuro, ou seja, por contratos de câmbio, usados como proteção.
Pela manhã, o ministro Joaquim Levy (Fazenda) afirmou que o dólar deve se estabilizar quando algumas questões fiscais, como a votação de vetos e o próprio Orçamento, forem "devidamente equacionadas".
No final da manhã, o BC anunciou um leilão de empréstimos de dólares das reservas internacionais no valor de US$ 2 bilhões e uma oferta de contratos de câmbio (swap) de US$ 1 bilhão, na qual foram vendidos US$ 211,4 milhões.
A instituição também anunciou o leilão de mais US$ 1 bilhão em contratos de câmbio para esta quinta-feira.