Peemedebista esclarece rito de impeachment
PT questionou Cunha sobre indagações da oposição a respeito do trâmite do processo
Para tentar protelar um eventual impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, o PT apresentou nesta quinta (24) novos questionamentos ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a respeito das indagações feitas pela oposição sobre o trâmite do processo.
A estratégia, segundo aliados, não foi das melhores porque "admitiu o debate sobre o afastamento de Dilma" e os deixou à mercê de Cunha.
A intenção do PT era manobrar para que os questionamentos da oposição fossem levados à CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) –ganhando, assim, tempo para convencer aliados a rechaçarem o impeachment.
Nesta quinta, Cunha esclareceu à oposição o rito para o processo de afastamento, com normas e prazos –sem entrar no mérito dos argumentos para o impeachment.
O PT protestou, argumentando que os pontos não poderiam ter sido acatados por razões regimentais. Cunha propôs aos petistas que transformassem a queixa em questão de ordem –assim, em vez de ir à CCJ, o caso passa à análise do peemedebista.
Segundo aliados, ele assegurou que não decidirá sobre nenhum pedido de impeachment até que responda à questão do PT. Um deputado governista, porém, avalia que a jogada foi ruim porque os deixou nas mãos de Cunha.
TRÂMITE
Pelo acordo fechado com a oposição, Cunha deve recusar qualquer pedido de impeachment, abrindo prazo de cinco sessões para recurso contra a decisão ao plenário.
Não há, porém, nenhuma previsão para que o recurso, que precisa apenas de maioria simples dos presentes, seja votado. Caso o plenário o acate, é instaurada uma comissão especial, com 66 titulares e 66 suplentes, a serem indicados pelos líderes partidários em até 24 horas.
Depois que o relatório da comissão for publicado, ele é levado para o plenário. Um eventual pedido de impeachment terá votação aberta e nominal, e precisa dos votos de 342 dos 513 deputados para ser aprovado.
Em evento da Câmara nesta quinta, Cunha foi questionado sobre eventual afastamento de Dilma. "Não tenho a irresponsabilidade de fazer opiniões com uma coisa tão grave como essa", respondeu.