Líderes do PMDB falam em reconciliação
Para Leonardo Picciani, da Câmara, e Eunício Oliveira, do Senado, reforma reaproxima base aliada do governo
A fala destoante partiu de Eduardo Cunha, para quem a reforma não provoca mudanças na relação com o Planalto
Os líderes do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), e no Senado, Eunício Oliveira (CE), afirmaram nesta sexta (2) que a reforma ministerial anunciada pela presidente Dilma Rousseff resultará em uma reconciliação da base aliada com o Planalto.
A fala destoante na legenda partiu do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), que está rompido com o governo. Para ele, as mudanças não interferem na governabilidade do Planalto no Congresso Nacional.
Cunha disse que uma eventual rejeição das contas de Dilma pelo TCU (Tribunal de Contas da União) pode até "turbinar" um possível processo de impeachment contra ela no Congresso. O julgamento do relatório do ministro do TCU Augusto Nardes sobre as contas de 2014 da presidente Dilma está marcado para a próxima quarta (7).
O presidente da Câmara não acredita que a ampliação do espaço do PMDB no governo garanta mais vitórias ao governo em votações, especialmente entre os deputados, onde a base conflagrada tem sofrido sucessivas derrotas em deliberações no plenário.
"Não mudou nada. Não é por dar mais ministério ou menos que se passou a ter mais PMDB dentro do governo. No partido, quem se posiciona favorável, continuará. E quem é contra, também. Essa reforma não teve o condão de trazer quem é contra".
Ele elogiou "um primeiro sinal para mostrar economia", mas afirmou que "ainda é pífio para o tamanho do rombo nas contas".
Apesar da redução da Esplanada, o PMDB acabou aumentando sua participação no núcleo do governo ao garantir o comando de sete pastas. Até então, detinha seis.
"A reforma agora apazigua na medida em que você passa a ter interlocutores mais próximos. Dá mais conforto à base. Agora a interlocução também fica mais coesa", afirmou Picciani. Ele indicou os ministros da Saúde, Marcelo Castro (PI), e da Ciência e Tecnologia, Celso Pansera (RJ), este último ligado a Cunha.
Responsável por algumas derrotas do governo no Congresso, o PMDB é tido agora como o fiel da balança para segurar um eventual processo de impeachment contra Dilma. E fundamental para aprovar o ajuste fiscal. Segundo Picciani, a bancada será mais fiel a partir de agora.
Para Eunício, Dilma fez um movimento importante na política, mas agora precisa fazer algo semelhante na economia para que o país recupere a credibilidade e possa retomar o crescimento.
Pela cota do partido no Senado, a presidente manteve os ministros Eduardo Braga no Ministério de Minas e Energia, e Kátia Abreu na Agricultura. O ministro Eliseu Padilha, ligado ao vice-presidente Michel Temer, também foi mantido no Ministério da Aviação Civil. Foram mantidos ainda os ministros Henrique Eduardo Alves (Turismo) e Helder Barbalho (Portos).
Mesmo com as trocas, um terço da bancada de 66 deputados federais do PMDB assinou manifesto criticando Dilma e condenando a "baganha por cargos".
O grupo de 22 diz que ela conduz o país de forma "errática" e "desacreditada".
Um outro setor do PMDB, em compensação, começou a articular o adiamento do congresso do partido, previsto para novembro, quando a sigla deve discutir a saída do governo.
Ao final do anúncio da reforma ministerial, Eliseu Padilha reconheceu que o governo fez todo o esforço para contemplar o PMDB. "Agora vamos tentar unificar a base", disse.