Brasil em crise
Dilma pede a novos ministros ponte com o Congresso
Para aliados, reforma deu fôlego momentâneo ao governo, mas ameaça de impeachment não está vencida
Petista ressaltou em discurso que objetivo das trocas na equipe é garantir mais equilíbrio à coalizão eleita
Com a ameaça de abertura de um processo de impeachment na Câmara, a presidente Dilma Rousseff orientou nesta segunda (5) sua equipe ministerial a dialogar sempre com o Congresso.
Em cerimônia de posse de dez ministros, a petista afirmou que seus novos e antigos auxiliares têm o dever de manter contato permanentemente com deputados, partidos e movimentos sociais.
A falta de diálogo é uma das principais críticas feitas ao atual governo, tanto por movimentos de esquerda como por parlamentares da própria base aliada.
"A principal orientação que dou aos novos ministros e aos que continuam no governo é: trabalhem ainda mais, com mais foco, com mais eficiência, buscando fazer mais com menos", afirmou.
"Todos os ministros têm o dever de dialogar com os parlamentares, partidos, governadores e prefeitos."
Aliados e auxiliares da presidente avaliam que a expansão do espaço ocupado pelo PMDB na Esplanada deu um fôlego momentâneo ao governo, mas não acabou com a possibilidade de abertura de um processo de impeachment contra a presidente.
A petista mandou sua equipe se preparar para reagir caso o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), atue para dar prosseguimento a um pedido de afastamento.
Em um recado ao peemedebista e aos movimentos da oposição que defendem sua saída do cargo, a petista fez questão de ressaltar em seu discurso que tem um "Brasil para governar até 2018".
"Nós queremos também garantir mais equilíbrio à coalizão que me elegeu e que deve governar comigo. É um ato típico de governar rever continuamente a estrutura do Estado para que a cada momento ela seja mais adequada às legitimas demandas de nossa população", disse.
A petista, que anunciou o corte de oito ministérios, afirmou que chamará nomes de fora do governo federal para ajudar na reorganização da administração.
Segundo ela, a chamada Comissão Permanente para a Reforma do Estado, que terá como objetivo fiscalizar o cumprimento das metas de economia propostas pelo governo federal, será presidida pelo ministro Nelson Barbosa (Planejamento) e integrada pelos ministros Joaquim Levy (Fazenda) e Jaques Wagner (Casa Civil).
Além dos novos e antigos ministros, participaram da cerimônia no Planalto governadores, senadores e deputados federais de partidos aliados do governo federal.
Em seu discurso, a presidente fez questão de chamar de "amigo" o ministro Aloizio Mercadante (Educação), que deixou a Casa Civil a pedido do ex-presidente Lula e do vice-presidente Michel Temer.
A decisão foi tomada à contragosto da petista, que pretendia manter Mercadante, criticado por partidos aliados, como o homem forte de sua administração.
O ex-ministro Arthur Chioro, demitido por telefone pela petista na semana passada do controle do Ministério da Saúde, estava no evento.
BRONCA
No início de seu discurso, a presidente fez uma retificação à fala do chefe de cerimônia, que errou a ordem do nome do novo Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos. Ao anunciar a ministra Nilma Lino, que assumirá a pasta, ele citou Direitos Humanos antes de Mulheres.
Na sequência, ao ler a lista de agradecimentos, a petista se deparou com o mesmo erro no nome da pasta.
"Errado, está vendo? Está errado. As mulheres vão entender porque insisto na ordem. É Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos. Eles insistem, eles insistem", disse.