Governo tenta frear operação de Cunha pelo impeachment
Com novas informações sobre contas, Planalto aposta em enfraquecimento da legitimidade de peemedebista
Parlamentar disse a aliados que pretende avaliar pedido de Hélio Bicudo e Miguel Reale Jr. na terça (13)
O governo quer usar as novas revelações que recaem sobre o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para enfraquecer sua legitimidade para dar prosseguimento a um pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.
A ideia do Palácio do Planalto é de tentar carimbar no peemedebista, que é adversário do governo, a imagem de alguém que age por motivos pessoais, ou seja, por vingança contra Dilma.
A estratégia mira a movimentação de Cunha, que indicou a aliados que anunciará na terça-feira (13) decisão sobre o pedido de afastamento da petista feito pelos juristas Hélio Bicudo e Miguel Reale Júnior.
A tendência é de que o presidente da Câmara arquive o pedido, o que levará a oposição a entrar com recurso em plenário que poderá prosperar se aprovado por 257 dos 513 deputados. A manobra foi acertado entre Cunha e os oposicionistas.
Nesse caso, seria criada uma comissão especial para analisar o tema e a presidente só seria afastada se o processo de impeachment fosse formalmente aberto com o voto de pelo menos 342 deputados federais.
PEEMEDEBISTAS
Em outra frente, Dilma escalou ministros peemedebistas –como Kátia Abreu (Agricultura), Eliseu Padilha (Aviação) e Henrique Eduardo Alves (Turismo)– para monitorar o comportamento do PMDB na Câmara e evitar que deputados da sigla reforcem o movimento do impeachment.
Os ministros já se comprometeram com Dilma a fazer encontros semanais com os deputados federais. O PMDB é considerado o fiel da balança para a conquista do apoio necessário para a aprovação do recurso em plenário.
Preocupada com o impeachment, Dilma se reuniu neste sábado (10) com o núcleo duro do Planalto e marcou para a próxima terça reunião da coordenação política para definir uma contraofensiva à articulação de Eduardo Cunha.
Na sequência, Ricardo Berzoini (Governo) se reunirá com a base para repassar a orientação do governo e estruturar um discurso comum em defesa da petista.
A avaliação do Planalto é de que, caso o recurso da oposição seja aprovado no plenário, será difícil reverter o afastamento de Dilma.
Numa outra frente, deputados do PT e do PC do B recorreram ao STF (Supremo Tribunal Federal) para tentar barrar o procedimento estabelecido por Cunha em caso de rejeição dos pedidos de impedimento.