Ex-ministro recebeu R$ 91 mil após promoção
Antes de assumir Transportes, Paulo Sérgio Passos ganhou rescisão de órgão ligado à pasta
Ex-ministro do governo Dilma Rousseff, Paulo Sérgio Passos (PR) recebeu uma indenização de R$ 91 mil após ser promovido para assumir pela quarta vez o Ministério dos Transportes, em 2014.
Filiado ao PR, um dos partidos que compõem a base de apoio ao governo, Passos era presidente da EPL (Empresa de Planejamento e Logística), órgão ligado aos Transportes, quando foi convidado por Dilma para comandar a pasta.
Segundo o termo de rescisão ao qual a Folha teve acesso, Passos foi afastado da EPL em 26 de junho de 2014 por "demissão sem justa causa". Um dia depois, tomou posse como ministro, função que exerceu por nove meses.
Depois de ser demitido para assumir o mais alto cargo do Ministério dos Transportes, o então ministro recebeu uma rescisão de R$ 58.578,94 (valor líquido). A essa quantia somou-se seu salário líquido de junho, de R$ 21.844,11, e a multa sobre o saldo do FGTS, de R$ 10.769,50. Ao todo, foram R$ 91.192,55.
De acordo com técnicos da pasta, o mais comum nesses casos é que o funcionário peça demissão ou afastamento do cargo ao assumir um posto mais importante na área.
Procurado pela Folha, Passos afirmou que, se pedisse exoneração, teria que arcar com o aviso prévio –trabalharia mais 30 dias ou pagaria à empresa o valor referente ao seu salário mensal, de cerca de R$ 21 mil.
"Como eu poderia cumprir aviso prévio? Fui convidado por Dilma para assumir um ministério. Ela não poderia esperar", disse o ex-ministro.
Questionado se o pagamento do aviso prévio não seria uma opção, respondeu: "Para mim, não. Não teria o menor sentido eu estando na direção da empresa. Eu não iria pagar, imagina. Não seria justo nem razoável".
Segundo o ex-ministro, sua demissão foi deliberada pelo conselho da EPL e tudo o que foi creditado em seu favor eram "direitos".
A EPL confirmou os valores rescisórios e afirmou que eles "correspondem aos direitos trabalhistas".
HISTÓRICO
Passos comandou o ministério em 2006 e em 2010, durante o governo Lula, e em 2011, após a "faxina" do governo Dilma. Em abril de 2013, foi substituído por César Borges (PR-BA) e assumiu a presidência da EPL. Lá permaneceu até junho de 2014.
As trocas se deveram, principalmente, à falta de apoio do PR a seu nome e à sua baixa efetividade para tocar o programa de concessões.
Em 2015, Dilma substituiu Passos pelo senador Antonio Carlos Rodrigues (PR-SP).