Convocação de Cunha gera discussão em CPI
Líder do PSOL defendeu quebra de sigilo do presidente da Câmara, acusado na Lava Jato
Faltando pouco mais de uma semana para chegar ao fim, a CPI da Petrobras não deverá convocar o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para depor no colegiado.
O peemedebista, assim como o senador Fernando Collor (PTB-AL), foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República sob as acusações de corrupção e lavagem de dinheiro no esquema de corrupção da Petrobras.
A situação de Cunha foi debatida na sessão desta quarta (14), em que os deputados também ouviram o presidente da estatal, Aldemir Bendine.
Antes do depoimento, o líder do PSOL, Ivan Valente (SP), defendeu a convocação e a quebra dos sigilos de Cunha, que compareceu à CPI espontaneamente em março, antes de ser denunciado.
Valente apresentou uma gravação com declarações do peemedebista em que ele se compromete a voltar à comissão sempre que necessário.
O relator da comissão, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ) vedou a possibilidade de levar o presidente da Câmara à CPI, sob a justificativa de que essa análise cabe ao Conselho de Ética, onde há uma representação contra Cunha.
"Por isso, defendi que nós não tivéssemos que ouvir nenhum dos parlamentares citados, porque a Casa tem um local adequado para se debater este tema, a Comissão de Ética", afirmou Luiz Sérgio.
Ivan Valente afirmou ainda que o presidente da Câmara mentiu à CPI ao dizer que não tinha contas no exterior.
Na semana passada, o Ministério Público da Suíça disponibilizou informações comprovando que a mulher de Cunha teve despesas bancadas com dinheiro de uma conta mantida no país europeu.
"Mentir na CPI é crime. Por que não podemos aprovar requerimento de convocação do senhor Eduardo Cunha e os de quebras de sigilos dele?", questionou Valente.
A pergunta deu início a um bate-boca entre os parlamentares governistas e da oposição. Celso Marun (PMDB-MS) fez uma defesa enfática de seu correligionário.
"Vazamentos seletivos querem levar o presidente desta Casa à execração pública. Ele não merece. Somos tupiniquins? Se a Suíça falou, parou o Brasil? É o colonialismo?", disse Marun.
O prazo regimental da CPI se encerra no próximo dia 23. O deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), com o apoio de outros deputados, solicitou a prorrogação dos trabalhos por mais 120 dias.
Luiz Sérgio, porém, posicionou-se de forma contrária. "Como vice-líder do meu partido, vou encaminhar contra a prorrogação", adiantou.