Geração de emprego é a pior desde 2003
Saldo entre admissões e demissões foi negativo em 888 vagas nas dez maiores cidades da região de Ribeirão Preto
Especialistas apontam o baixo crescimento da economia como fator principal para número negativo nos setores
A região de Ribeirão Preto registrou, em setembro deste ano, o pior saldo na geração de emprego com carteira assinada desde 2003, primeiro ano da série histórica disponibilizada pelo Ministério do Trabalho e Emprego.
Nos dez maiores municípios, a diferença entre admissões e demissões no mês foi negativa em 888 postos de trabalho, segundo dados divulgados nesta quarta (15).
Foram gerados 27.316 empregos contra 28.204 desligamentos, de acordo com os números do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do ministério.
Os números na região são piores, inclusive, que os registrados em setembro de 2008 e 2009, quando explodiu a crise mundial.
Desde 2003, apenas neste ano e em 2011 a região apresentou saldo negativo.
Ribeirão e Araraquara foram as cidades que mais demitiram, registrando índice negativo de 484 e 485 vagas, respectivamente.
Em Ribeirão, os índices vão na contramão do crescimento registrado em setembro do ano passado, quando foram geradas 1.476 vagas.
Para especialistas, o baixo crescimento da economia brasileira é o principal motivador para a queda de empregos, acrescido à seca que impactou o agronegócio.
O professor de economia da Unicamp Cláudio Dedecca afirmou que, com a economia brasileira em baixo crescimento, outros setores que poderiam "segurar" as demissões saem derrotados nessa missão.
"O crescimento do Brasil vem sendo alimentado pelo consumo, mas não houve investimentos e aumento da capacidade produtiva."
Ainda de acordo com o especialista, "a construção civil poderia compensar outros setores em queda, mas isso não ocorreu".
O professor Luciano Nakabashi, da faculdade de economia e administração da USP, afirma que há falta de confiança dos empresários e que isso contribui para o congelamento de novos investimentos.
"É preciso confiança. A indústria está bem aquém dos anos anteriores."
Na região, a indústria de transformação apresentou resultados negativos em Ribeirão e Araraquara. Na primeira, foram eliminados 246 postos de trabalho e, na segunda, 291.
Em Sertãozinho, esse setor foi o responsável pela demissão de 161 trabalhadores; em Matão, de 169; Jaboticabal, 52; e Batatais, 29.
No entanto, em Franca, São Carlos e Barretos, o nível de emprego foi positivo no setor industrial.
O presidente do Ciesp de Ribeirão Preto, Guilherme Feitosa, também afirmou que o principal motivo é a instabilidade econômica. "Sabemos que a maior parte das indústrias da região tem demitido funcionários."