Instaladas há três anos, catracas em escolas de Ribeirão estão inutilizadas
Prefeitura admite problema neste ano e aponta falta de integração com sistema informatizado
Objetivo das catracas é limitar o acesso às escolas por segurança e também facilitar o controle de presença
Três anos depois de serem instaladas nas escolas da rede municipal de Ribeirão Preto, as catracas para o controle de alunos, pais e professores estão sem utilização.
Os dispositivos, com identificação biométrica, deveriam controlar a entrada dos alunos e substituir a chamada nas salas, segundo anunciou a prefeitura em 2011, quando iniciou a instalação.
No entanto, na prática, as catracas nunca serviram como substituição da chamada. Elas só faziam a identificação, mas não havia integração com um sistema informatizado para as chamadas, que depende de um software.
Em nota, a prefeitura admitiu que a implantação do sistema de controle não foi "totalmente concluída" e que os equipamentos são usados parcialmente desde o início do ano, porque o contrato de manutenção venceu.
No CEI (Centro de Educação Infantil) Sebastião Martins de Moura, no bairro Ipiranga, os pais dizem que neste ano não houve nem o cadastro dos novos alunos.
A auxiliar de produção Andrea dos Reis Alves, 38, disse que a sua digital não foi cadastrada para que pudesse ser identificada quando buscasse o filho de um ano.
"A gente sabe que os outros pais foram cadastrados em outros anos. Para mim, não teve nenhum cadastro. Qualquer um entra na escola se quiser", disse Andrea.
Para os pais, as catracas só atrasam a entrada e saída, principalmente nas unidades de educação infantil.
A diarista Rosângela dos Santos, 40, tem problemas para entrar com o carrinho de bebê da filha na escola. "A catraca é um obstáculo físico para os pais. Tenho que tirar minha filha do carrinho para poder entrar na escola", afirmou ela.
SEGURANÇA
Para Leonardo Sacramento, secretário-geral da Aproferp (Associação dos Profissionais da Educação de Ribeirão Preto), as catracas foram um mau investimento da prefeitura, já que não garantem segurança e identificação de quem entra nas escolas.
"Se uma pessoa quiser roubar, furtar ou agredir alguém dentro da escola, não vai ser uma catraca que vai impedi-la. Foi um dinheiro jogado fora", disse Sacramento.
A necessidade de instalação das catracas foi reforçada pela prefeitura, à época, devido ao massacre de Realengo, no Rio de Janeiro, quando um ex-aluno invadiu a escola e matou 12 alunos e, depois, cometeu suicídio.
Além das catracas sem utilização, as 108 escolas da rede municipal estão sem porteiros desde o início do ano, após a prefeitura não renovar o contrato dos profissionais.
De janeiro a agosto, 11 escolas foram furtadas ou roubadas, segundo o Sindicato dos Servidores Municipais.
Na sexta-feira (10), a Secretaria da Educação publicou no "Diário Oficial" o encerramento de cinco sindicâncias para apurar furtos e vandalismos em escolas. Em nenhuma das investigações foram identificados ou punidos os autores dos crimes.