Crise da água
Após tirar água de Santa Cruz para abastecer Cajuru, Sabesp é intimada
Prefeito diz que captação é 'indiscriminada'; companhia alega que cidade não é prejudicada
Intenção da Promotoria é regulamentar a retirada da água para garantir abastecimento a moradores de S. Cruz
A Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) foi intimada a prestar esclarecimentos sobre a retirada de água de Santa Cruz da Esperança para o abastecimento de outros municípios da região.
Segundo a promotora do Gaema (Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente), em Ribeirão, Cláudia Maria Habib, a intenção é regulamentar a retirada desta água e garantir que a ação não prejudique Santa Cruz.
A audiência será na próxima terça-feira (21), no Gaema, e terá a presença dos prefeitos das cidades envolvidas.
A Sabesp informou que enviará um representante à audiência e que a captação de água em Santa Cruz não prejudica o município.
O prefeito de Santa Cruz da Esperança, Dimar de Brito (PSDB), disse que a Sabesp iniciou uma captação indiscriminada na cidade para levar água a outros municípios.
O abastecimento de Santa Cruz é de responsabilidade da própria Sabesp, que capta água de poços profundos.
"Não é um problema fornecer água para cidades que estão sem, mas queremos saber se nossa população não pode ficar sem também."
Ele afirmou que procurou o Gaema para que a Promotoria cobre da Sabesp investimento no abastecimento das cidades em que atua.
Desde o final de setembro, a Sabesp envia água de Santa Cruz da Esperança --e também de Cássia dos Coqueiros-- para Cajuru.
As cidades "importadoras" ficam, em média, 15 quilômetros distantes de Cajuru.
A água tratada é retirada dos sistemas de tratamento da Sabesp nos municípios vizinhos e levada ao reservatório do sistema de Cajuru.
No início de setembro, Cajuru chegou a ficar cinco dias sem água e teve aulas suspensas, complicações nas unidades de saúde e a proibição da utilização de banheiros em prédios públicos.
Atualmente, segundo a Sabesp e prefeitura, o abastecimento na cidade está normal.
De acordo com a companhia, Cajuru é abastecida por um sistema cuja capacidade é de 50 litros por segundo, proveniente do ribeirão Vermelho, que teve sua vazão comprometida por causa da estiagem.
AJUDA
Segundo a promotora Cláudia Habib, o Gaema também acionou a Sabesp para que a empresa ajude no abastecimento de Casa Branca.
A cidade raciona água desde maio e a prefeitura decretou estado de emergência. O abastecimento é cortado por 12 horas, diariamente.