Analfabetismo é maior entre as mulheres na região
Estudo do IBGE mostra ainda que 34,7% das famílias são chefiadas por mulheres
Na contramão da média brasileira, o número de mulheres analfabetas nos dez maiores municípios na região de Ribeirão Preto é maior do que o de homens.
É o que revelam os dados sobre gênero divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira (31), referentes ao Censo de 2010.
Na região, o número de mulheres analfabetas é 46,3% maior do que o de homens. Elas são 32.261 e eles, 22.049.
Já no total do país, o número de homens analfabetos é quase igual ao de mulheres, apenas 0,03% superior --6,83 milhões de homens e 6,82 milhões de mulheres.
A diferença na região aumenta entre os maiores de 60 anos. Em Ribeirão, entre os idosos, são 4.525 mulheres analfabetas e 2.027 homens. Para especialistas, isso é uma questão histórica e social.
Até a metade do século 20, a educação feminina era pouco incentivada ou até reprimida. Com isso, a população de mulheres mais velhas com menos educação é maior.
"Antigamente, o pai privilegiava a educação do filho no lugar da filha. Depois, o marido preferia que a mulher ficasse em casa e assim ia", disse Roseli de Mello, docente de teorias e práticas pedagógicas da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos).
Para Betina Fresneda, pesquisadora do IBGE, os programas de erradicação do analfabetismo no Estado foram eficazes entre a população mais jovem e acabaram concentrando os índices na população mais velha.
"A escola é muito inóspita para a população mais velha e falta formação específica para o educador de adultos", afirmou a pesquisadora.
De acordo com a professora da UFSCar, os programas de educação voltados para adultos são pouco atrativos para os idosos.
Os dados divulgados pelo IBGE revelam também que o percentual de famílias chefiadas por mulheres aumentou consideravelmente na região nos últimos dez anos.
Passou de 19,8% das famílias, na somatória das dez localidades mais populosas da região, em 2000, para 34,7% no ano de 2010.
Na região de Ribeirão Preto são 478.973 famílias, sendo que 166.236 são chefiadas por mulheres.