Prefeito de São Carlos perde 14º secretário
Saída de 'braço direito' acontece no momento em que Altomani está na mira do TCE por reajustar o próprio salário
Prefeitura não divulga substituto no Governo e afirma que aumento salarial segue uma lei municipal de 2008
Considerado o "braço direito" do prefeito de São Carlos, Paulo Altomani (PSDB), o secretário do Governo Julio Soldado pediu demissão do cargo e amplia a crise no primeiro escalão da cidade.
A exoneração foi publicada no "Diário Oficial" do município desta terça-feira (2).
Soldado trabalhou ao lado de Altomani por cerca de 20 anos e coordenou a campanha que o elegeu prefeito, há menos de dois anos.
A prefeitura não comentou a saída do ex-secretário e também não anunciou um novo nome para o cargo.
Com a exoneração, já são pelo menos 14 os nomes a deixarem o mais alto escalão do governo do tucano desde o início do mandato, em janeiro do ano passado.
A saída anterior aconteceu em outubro, quando o secretário da Comunicação, Luciano Arantes, deixou o cargo.
À época, o governo informou que Arantes saiu da prefeitura por motivos de saúde --diabético, ele iria se submeter a tratamento.
Diferentes pastas, como Educação, Habitação, Obras e Trânsito, também já sofreram alterações.
A saída de Soldado do cargo acontece no momento em que o prefeito está na mira do TCE (Tribunal de Contas do Estado) devido a um reajuste de 6,31% no seu salário, concedido no ano passado.
O aumento segue o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) e foi dado também ao vice-prefeito, secretários e servidores públicos.
De acordo com a assessoria de imprensa do TCE, em análise prévia das contas de 2013, o auditor Antônio Carlos Santos pede que a prefeitura dê explicações sobre os valores de alguns salários.
A Câmara deverá investigar Altomani, segundo o presidente Marco Antônio Amaral (PSDB). "Não sabíamos deste aumento. Não há transparência", afirmou. Nesta terça, Amaral pediu à prefeitura cópias de documentos.
OUTRO LADO
De acordo com a prefeitura, anualmente são concedidos os reajustes aos salários do prefeito, vice-prefeito e secretários, de acordo com lei municipal de 2008.
A lei foi de autoria da própria Mesa Diretora da Câmara e determina que os aumentos sejam feitos de acordo com a variação do IPCA, segundo o governo.
Em nota, a prefeitura afirmou ainda que já prestou esclarecimentos ao TCE e que considera a falta de conhecimento sobre os reajustes dos salários uma "imoralidade".