Greve prejudica abastecimento e saúde apesar de decisão da Justiça
Áreas, consideradas essenciais, também tiveram serviço interrompido por servidores de Ribeirão
Aulas em escolas da rede municipal continuam suspensas até segunda, afirma sindicato da categoria
Em greve há cinco dias, servidores de Ribeirão ignoraram uma determinação judicial, e os serviços de saúde e do Daerp (Departamento de Água e Esgotos de Ribeirão Preto) continuaram prejudicados.
As duas áreas foram consideradas essenciais e, por esse motivo, a Justiça determinou que 100% dos serviços sejam mantidos, o que não ocorreu nesta sexta (27).
Já na educação, a prefeita Dárcy Vera (PSD) sofreu uma nova derrota judicial: o juiz Reginaldo Siqueira, da 1ª Vara da Fazenda Pública, não acatou o pedido da prefeitura para que considerasse a área como serviço essencial.
Nesta sexta, as aulas foram suspensas pelo quarto dia consecutivo, embora a Justiça tenha determinado que 50% dos servidores da área se mantivessem ativos.
A prefeitura tentou convencer os pais a levar os filhos às escolas por meio de propagandas veiculadas na televisão, na noite de quinta (26), sem sucesso.
A recepcionista Arielen Mello, 28, telefonou para a escola do filho, Áurea Braghetto, e foi informada de que não haveria aula nesta sexta.
"A reivindicação dos professores é justa, mas estou faltando no trabalho", disse.
Segundo Cristiano Lima Floriano, presidente da Aproferp (Associação dos Profissionais da Educação de Ribeirão Preto), os docentes continuarão a pedir para que os pais não levem as crianças às escolas na próxima semana.
Segundo ele, não é seguro para os alunos que as unidades contem só com metade do quadro de funcionários.
"É grave. Queremos que a secretaria [da Educação] assuma os riscos de manter alunos nas escolas com 50% de funcionários", afirmou.
Diretores se reuniram com professores e estabeleceram escalas nas escolas.
Ainda nesta sexta, após ter sido notificado pelo Daerp de que os portões da autarquia estavam sendo bloqueados, o juiz determinou que os servidores parem de impedir a entrada de funcionários.
Também os obrigou a manter os portões abertos, autorizando o oficial de Justiça a chamar reforço policial no caso de resistência.
SEM CONSULTA
Pacientes que procuraram atendimento médico foram barrados, mais uma vez, por servidores nas portas das unidades de saúde.
Na UBDS (Unidade Básica Distrital de Saúde) Central, que tem um fluxo diário de cerca de 400 pacientes, um funcionário informou à reportagem que até as grávidas devem voltar só ao fim da greve.
"Gestantes, só se estiverem com sangramento", afirmou.
O descumprimento da decisão pode render uma multa diária de R$ 20 mil ao Sindicato dos Servidores Municipais, que alega não ter sido notificado pela Justiça.
A categoria pede um reajuste salarial de 13,11%. A proposta da prefeitura, de 3,23%, foi rejeitada.
Na segunda (30), a administração municipal deve se reunir para debater o reajuste. A reunião foi agendada após a Câmara manifestar apoio aos servidores.