'Câncer só piora vida sexual que não estava boa'
O abalo emocional provocado pelo câncer da mama tem grande impacto na sexualidade da mulher, mas, às vezes, o problema é anterior à doença.
Segundo a psicóloga Fabiana Rezende, uma das autoras do estudo em Barretos, a vida sexual após o tratamento vai depender muito de como a mulher lidava com a sexualidade antes do câncer.
"Algumas já tinham uma vida sexual insatisfatória. O câncer só piorou algo que já não estava bom. Mas é comum elas só culparem a doença."
Segundo a oncologista Maira Caleffi, 30% dos casais acabam se separando --de forma temporária ou definitiva-- após o diagnóstico do câncer.
Fabiana diz que muitas mulheres relatam traições e abandonos após o diagnóstico e o tratamento da doença. "O homem não foi educado para ser um cuidador", afirma.
Geni Lourenço, 62, sentiu na pele não só abandono, mas também a rejeição do ex-marido. "Ele sentava longe de mim, tinha medo de pegar a doença."
Ela conta que logo depois que fez a mastectomia, aos 48 anos, o marido a deixou. "Meu filho tinha sete anos."
Mas há também homens que se engajam no tratamento e que buscam, juntos com as mulheres, soluções para as questões da sexualidade, diz o mastologista José Bevilacqua.
A recepcionista Elisangela Carvalho, 41, que teve um tumor diagnosticado em janeiro de 2013 e a mama esquerda amputada, afirma que o marido a ajudava a relaxar na hora H. "Ele brincava dizendo: Amor, o mais importante está intacto'."
Para ela, o ato sexual é importante, mas há outros elementos na vida de um casal, como o carinho e o beijo, que são fundamentais. "Isso não tem câncer que mude."