MEC nega que Capes abrirá edital na área de editoração
Reuniões do órgão com representantes de editoras estrangeiras foram questionadas
Apesar de a Capes (Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) ter anunciado em outubro que abriria ainda neste ano edital para editoras estrangeiras publicarem cerca de cem revistas científicas brasileiras, o MEC (Ministério da Educação) negou ontem que a agência tenha decidido fazer a seleção.
No dia 29, depois de anunciar o Projeto de Internacionalização de Periódicos Brasileiros, dirigentes da Capes --inclusive seu presidente, Jorge Guimarães-- fizeram reuniões fechadas com representantes dos publishers Elsevier (Holanda), Emerald (Reino Unido), Springer (Alemanha), Wiley (EUA) e Taylor & Francis (Reino Unido).
"Não há ilegalidade até agora porque ainda não foi publicado nenhum edital, mas reuniões privadas com interessados em uma disputa comprometem o princípio da publicidade da administração pública e levantam suspeita", afirmou Odete Medauar, professora titular de direito administrativo da USP.
A resposta do MEC foi encaminhada à Folha após questionamento da reportagem à Capes sobre as reuniões em separado com representantes dos cinco publishers estrangeiros. A nota confirma que os convidados apresentaram custos de suas propostas.
Na segunda-feira, Sigmar Rode, presidente da Abec (Associação Brasileira de Editores Científicos), e Abel Packer, diretor da base de dados brasileira SciELO (Scientific Electronic Libray Online), pediram a suspensão do projeto e também "transparência" em ofício à Capes.