Entidades médicas e governos têm de agir, diz professor
O marketing da indústria associado à "frouxidão" das sociedades médicas e dos governos têm colaborado para que sintomas comuns do envelhecimento se transformem em "doenças inventadas", levando à reposição inadvertida de testosterona e GH (hormônio do crescimento).
É a opinião do geriatra Thomas Perls, da Universidade de Boston, que publicou nesta semana artigo no jornal da Sociedade Americana de Geriatria advertindo sobre os males do uso indevido desses hormônios. A seguir, trechos da sua entrevista.
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Folha - O sr. acredita que o alerta da FDA poderá frear essa "epidemia" de prescrições de hormônios?
Acho que a publicidade vai diminuir. E espero que artigos como o que acabamos de publicar alertem o público sobre os perigos dos hormônios nas terapias antienvelhecimento.
O sr. diz que o marketing da testosterona e do hormônio de crescimento leva à mercantilização da doença.
É basicamente a invenção de uma nova doença para que mais pessoas acreditem que devam tomar um determinado medicamento. Isso tudo combinado com campanha maciça de marketing. É o que acontece hoje no caso da testosterona e hormônio do crescimento.
O que é possível fazer como prevenção contra a redução dos níveis de testosterona?
Se os níveis estão diminuídos, é porque existem fatores frequentemente associados com a obesidade, o tabagismo, sedentarismo e não dormir o suficiente.
Qual o papel das sociedades médicas e dos governos nessa "epidemia"?
As sociedades médicas precisam ter critérios clínicos muito mais precisos, e os governos precisam estar atentos à publicidade e à venda irregular desses hormônios.