Pacote imersão
Roteiros vendem 'turismo de experiência', com atividades da cultura local; custo vai de R$ 50 a R$ 90 mil
Agências de viagem estão investindo mais no chamado "turismo de experiência", que tenta se opor à oferta simples de serviços genéricos. A ideia é dar ao cliente a sensação de se misturar à cultura e à população do local.
Daí saem roteiros como hospedagem em uma favela do Rio por R$ 50 ou um pacote que inclui passeio em que o turista dirige uma Ferrari por estradas na Itália --US$ 30,3 mil (R$ 92,3 mil), sem passagem área.
"Toda viagem é 'de experiência', mas algumas delas nos emocionam de maneira mais específica", diz Luiz Godoi Trigo, professor de lazer e turismo da EACH/USP (Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP). "Não importa se ela é cara ou barata, mas, sim, se tem um significado marcante para você."
Cultura, religião e esporte costumam ser catalisadores desse segmento. Ultimamente, além do beatlemaníaco que vai a Liverpool e do fiel peregrinando até Santiago de Compostela, as opções estão se diversificando e criando um mercado lucrativo.
Agência especializada em turismo de experiência, a Auroraeco viu a venda de seus pacotes crescer 20% de 2013 para 2014. Segundo Guilherme Padilha, presidente da companhia, uma das intenções do público é ter contato direto com ambiente e comunidade locais. "Uma excursão à 'Europa Clássica' com 40 pessoas dificilmente será uma viagem pessoal", afirma.
Viagens desse tipo registraram aumento de procura de 40% na Adventure Club, no mesmo período. Programas "incomuns" são os mais solicitados --observação de ursos polares no norte do Canadá, de gorilas em Ruanda, expedições ao Nepal e ao monte Elbrus, vulcão russo, destinos de escaladores.
No STB, o crescimento foi de 35%, sobretudo para roteiros como "aventura na selva da Tailândia", "gastronomia no Peru" e "caminhada na Islândia". Isso fez a empresa mudar seu marketing: hoje, os programas são divididos por temas, e não por destinos.
"O ponto de partida não é 'para onde eu quero ir?'. É 'o que eu gosto de fazer?'", diz o gerente Bernardo Ramos.