Turista em ação
Pacotes que misturam intercâmbio e voluntariado ganham força no país; saiba como eles funcionam
Você já pensou em trocar as férias na praia para dar aulas para crianças pobres na Índia? Ou cuidar de filhotes de animais na África em vez de fazer compras nos EUA?
Cada vez mais brasileiros estão buscando programas de "volunturismo", modalidade de intercâmbio cuja finalidade é fazer um trabalho voluntário no exterior.
"É uma viagem que reúne um pouco de tudo do mundo do intercâmbio: o idioma estrangeiro, o contato com a população local e a experiência do trabalho fora do país", diz Carlos Robles, conselheiro da Belta, associação que reúne agências de viagens especializadas em intercâmbio.
Nessas viagens, em geral o turista faz atividades em uma ONG durante a semana --em período integral ou só em dias selecionados-- e tem o fim de semana livre para passear.
Os programas duram de duas semanas a até um ano e podem ser combinados com cursos de idiomas.
Optar por esses intercâmbios também pode significar economia. Como muitas vezes envolvem acomodação em casas de família ou quartos compartilhados, eles podem custar de 30% a 40% menos que um programa convencional.
Apesar de não haver uma idade máxima para participar, o público é majoritariamente de universitários e recém-formados de até 25 anos.
Segundo Letícia Gonçalves, gerente de marketing da Aiesec, organização estudantil que realiza esse tipo de viagem, o perfil pede "alguém com desejo de mudança".
"É comum também que a pessoa já tenha feito intercâmbios e busque novas experiências", afirma Eduardo Frigo, gerente da CI.
O BOOM
A CI é uma das empresas que tem se aproveitado da moda desse tipo de intercâmbio. O volume de viagens contratadas em 2014 foi 600% maior que em 2009.
E eles já têm notado um novo filão, de famílias de "volunturistas", que viajam para o intercâmbio juntas.
A unidade brasileira da Aiesec, presente em 120 países, tornou-se a segunda maior em emissão de voluntários no mundo --foram 1.900 no ano passado, só menos que na China, e alta de 23% em relação a 2013.
Desde março o STB também aposta no nicho, depois de registrar um aumento na demanda por esses pacotes.
Até pouco tempo atrás, essa modalidade de viagem quase não era conhecida por aqui. "Mas as pessoas perceberam que é um diferencial até para o currículo", explica Fernanda Semeoni, diretora de produtos da Experimento, que desde 2011 trabalha com pacotes do gênero.