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Principal produtora de vinhos na Argentina, Mendoza une comida e bebida com aulas de culinária e carnes do 'rei do fogo'
Em 1883, formava-se a primeira vinícola de Mendoza, hoje a principal região produtora da Argentina. Por ali passava a linha do trem.
Os vinhos da Trapiche, hoje uma das maiores dali, com cerca de 60 rótulos, àquela época eram envasados somente no destino, depois de circular mil quilômetros em temperaturas que alcançavam 40ºC. Nessas condições adversas, era comum acrescentar açúcar, água e álcool às bebidas para que elas fossem conservadas.
Ainda hoje há resquícios do caminho na fazenda e essa é uma cena bonita de notar –trilhos e partes dos vagões ficam ao lado de um "jardim" de oliveiras, algumas antiquíssimas.
Os vinhos malbec hoje são os principais da região. Nas palavras do cozinheiro argentino Francis Mallmann, conhecido como o "rei do fogo", uma taça da bebida ("carmim, voluptuosa e irreverente") é como "um beijo primordial" de seu país.
Entre quase mil vinícolas, a principal atração turística da região, pelo menos 200 são abertas a visitas. E as propriedades costumam oferecer mais do que o tour básico entre os vinhedos e as provas nas salas de degustação.
São geralmente muito bem equipadas, com ambientes agradáveis, lareiras e uma receptividade especialmente amigável ao turista brasileiro –por causa da demanda (o Brasil é o segundo país com mais visitantes na cidade, depois do Chile), muita gente aprendeu a falar português.
Ao desbravar as atividades, facilmente encontra-se serviços ligados à gastronomia, como as aulas de culinária que a Andeluna, no Vale de Uco, promove em uma rústica cozinha com vista para a cordilheira Cordón del Plata.
A comida é atração também na sede da The Vines, um projeto de vinícolas privadas, onde está acomodado um dos restaurantes mais importantes de Mallmann, o Siete Fuegos, no qual pode-se provar pratos feitos a partir de sete modos diferentes de cocção com o uso do fogo.
Na Renacer, com vista livre para a cordilheira, pode haver fincados na terra espetos que sustentam costelas suculentas a assar no fogo. Estas mesmas quiçá serão, mais tarde, a estrela de almoços servidos dentro das adegas nas quais descansam os tonéis de vinho.
O turista também pode sorver a bebida dos reservatórios, envasá-la e etiquetá-la para levar para casa.
Surgem ainda passeios de bicicleta para conhecer as plantações, como a Trivento, a 25 quilômetros do centro de Mendoza, de fácil acesso. Ali são promovidas outras atividades: eventos de cinema, noites de tango e degustações de vinho e chocolate.
Recomendações comuns: não apareça sem agendar horário, tampouco atrase. É bom beber bastante água e levar protetor solar. Para planejar a agenda, procure agrupar, num mesmo dia, vinícolas da mesma região. Caso contrário, o tempo de deslocamento pode ser deveras alongado –e tornar o passeio cansativo.