Chocolate faz Ilhéus superar Jorge Amado
Cidade que sempre explorou ligação com o autor volta a valorizar o cultivo de cacau para recuperar o turismo
Fazendas produtoras devem consolidar via turística; no centro, fruto está entre sabores de sorvetes regionais
Embora Jorge Amado tenha nascido na vizinha Itabuna, foi em Ilhéus que tomou inspiração para escrever o famoso romance "Gabriela, Cravo e Canela", de 1958. Não à toa, a cidade do sul da Bahia ficou conhecida como sua terra.
Boa parte do turismo ilheuense hoje está voltado para os lugares citados em suas obras ou frequentados por ele –caso, por exemplo, do Bataclan, prostíbulo convertido em restaurante temático. Mas nem só de Jorge Amado vive (ou deve viver) o turista que passa por ali.
A cidade de 182 mil habitantes, a cerca de 460 quilômetros de Salvador, tem outros pontos turísticos e gastronômicos tão –ou mais– interessantes quanto os eternizados na literatura.
A começar pelo resgate de outra marca local, o cacau, parte importante da identidade de Ilhéus –essa área do litoral baiano é conhecida como "costa do cacau".
A produção cacaueira foi a principal fonte de renda local até meados do século passado, quando a competição com a produção africana e uma epidemia de vassoura-de-bruxa, um fungo amazônico, arruinaram os "barões do cacau".
O fruto nunca recuperou o poder econômico, mas voltou a fazer parte do roteiro turístico da cidade –há até planos de consolidar uma via com base nas fazendas.
Hoje, com a praga controlada, Ilhéus passou a produzir o chamado chocolate de origem –em que todas as etapas da produção, do plantio ao processamento, são feitas no mesmo local.
É o caso da fazenda Riachuelo, que produz o chocolate Mendoá. Ali, há visitas guiadas para grupos de até 20 pessoas (é preciso agendar pelo telefone 73/9955-0916).
Lá, o turista vê todas as partes do processo: da plantação do cacau à embalagem (em partes, artesanal), passando pela escolha das sementes e também o processamento.
A visita, por enquanto, é gratuita, já que o turismo não é o principal foco da fazenda –não há estruturas como restaurante para matar a fome dos visitantes.
É o oposto da fazenda e pousada Provisão, no km 27 da rodovia Ilhéus-Uruçuca, onde, além de visitar roças de cacau e fazer trilhas, pode-se almoçar em um coreto no meio da propriedade e hospedar-se em um dos quartos da sede.
A diária com o passeio sai por R$ 140, com direito a café da manhã, almoço e jantar, além de rafting e trilhas.
CENTRO HISTÓRICO
No centro, o roteiro tradicional passa pela antiga casa de Jorge Amado, convertida em museu. Mas também deve incluir parada na sorveteria Ponto Chic, aberta em 1952.
Na carta, com mais de 30 sabores (tapioca é o mais pedido), destacam-se os regionais como seriguela, cajá e cacau (custam entre R$ 4 e R$ 11).
É nas redondezas que fica, por exemplo, o restaurante Bataclan. E, a dez minutos de caminhada, outro ponto que vale a visita, a igreja Matriz de São Jorge dos Ilhéus –erguida em 1556, é a construção mais antiga da cidade.