Patinação no gelo
Discovery Sport cobrará R$ 179,9 mil para entregar conforto e status; se for preciso, dá para atravessar estradas cobertas de neve
Atravessando desertos sob o sol escaldante do Marrocos ou abrindo caminho em estradas forradas de gelo na Islândia, a Land Rover sempre tenta provar que, a bordo de seus carros, é possível chegar a qualquer lugar.
No caso do Discovery Sport, que será produzido em Itatiaia (RJ) a partir de 2016, ir de um extremo ao outro do planeta será uma viagem com menos requintes do que em um Evoque, porém com mais conforto e espaço do que a bordo do Freelander 2, considerado seu antecessor.
Antes do início da produção, o utilitário de luxo será vendido como importado. O Discovery chega até maio, por R$ 179,9 mil.
NATUREZA SELVAGEM
A Islândia é um belo lugar, mas nada dócil. Ventos de até 100 km/h jogavam neve contra o SUV de 4,59 m de comprimento (9 cm a mais que o Freelander 2), 1,72 m de altura e 1.841 kg.
Sua resposta ante aquela hostilidade da natureza era absorvê-la para si e tranquilizar os ocupantes dentro de uma cabine silenciosa, aquecida e confortável.
Alguns trechos da jornada não poderiam apresentar condição pior: em vez de neve pura ou simplesmente água, tinham gelo congelado na superfície.
Mas, enquanto alguns veículos que se consideram utilitários esportivos se comportariam ali como bebês aprendendo a andar num rinque de patinação, o Discovery Sport mostrou equilíbrio.
Sabe-se lá o esforço do Terrain Response (sistema da marca que ajusta a tração a terrenos com lama, grama, cascalho ou areia) para manter o carro na trajetória, mas ao condutor apenas coube a simples tarefa de dosar a velocidade e tratar a direção com prudência.
Os donos de Freelander 2 que partirem para o Discovery Sport ainda se livrarão do incômodo funcionamento da suspensão, que ao passar por buracos penalizava os ocupantes com uma batida forte, resultado do final do curso dos amortecedores.
No novo Discovery, uma suspensão traseira multibraços com curso estendido deixou o rodar mais suave, mesmo sobre pisos irregulares.
Emprestado do Evoque, o motor 2.0 turbo de 240 cv, acompanhado de um câmbio automático de nove marchas, também serviu bem ao estreante -assim como o 2.2 a diesel (190 cv), que equipará o modelo também no Brasil, posteriormente.
SETE LUGARES
Membro da família Discovery, o Sport também leva sete ocupantes. No entanto, não tão bem quanto o Discovery 4, que carrega adequadamente dois adultos na última fileira. Ali, o novato trata bem apenas crianças.
E não é só a roda que não deve ser reinventada: o SUV adota no lugar da tradicional alavanca o nada intuitivo botão para troca de marchas.
Como produto, o Discovery Sport se candidata a ir tão bem em vendas como o Evoque.
Mas vender bem também depende de qual versão será a dos R$ 179,9 mil: a de entrada, a do meio ou a topo.