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Carlos Cruz-Diez libertou a cor de seu plano físico
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SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO
Carlos Cruz-Diez foi enquadrado a contragosto entre os artistas cinéticos. Sua obra depende do movimento, mas não discute o movimento.
Cruz-Diez mostra na Pinoteca suas telas mutantes
Dependendo do ângulo em que é visto, um quadro pode parecer todo branco, mergulhado em tons quentes ou se resfriar numa paleta glacial.
Isso porque é composto de tiras finíssimas de papelão ou alumínio fixadas na tela, pintadas ou serigrafadas em tons diferentes de cada lado, com maior e menor intensidade em cada uma das pontas.
No fundo, Cruz-Diez passou mais de 60 anos de sua vida tentando libertar as cores de seus suportes físicos.
"Quando criamos a exposição, vimos que sua obra ainda não havia sido entendida", conta Mari Carmen Ramírez, do Museu de Belas Artes de Houston, que organizou a mostra. "Ele não era do grupo cinético, mas se apoiou na matriz cinética para atingir os resultados que queria."
No caso, Cruz-Diez começou alternando dois tons distintos numa superfície de ripas de papelão, criando a ilusão de uma terceira cor. Depois chegou à conclusão de que os efeitos que buscava se resumiam a dois comportamentos básicos das tonalidades diante de olho humano.
ECO NA RETINA
Quase toda a obra de Cruz-Diez toma por base os princípios de cor aditiva e do deslocamento da cor. No primeiro, duas cores justapostas numa composição induzem o olhar a perceber outro tom.
No segundo caso, trechos em branco de um quadro acabam sendo percebidos como coloridos, uma espécie de eco na retina causada pela proximidade das outras cores.
"Essas cores se produzem com o efeito da luz e com o movimento do espectador", diz Ramírez. "Se a cor não existe sobre o suporte, ele a liberta, e ela ganha vida própria. É a passagem da cor de adjetivo a substantivo."
No enorme painel que fez para a Bienal de Veneza em 1970, que está na mostra, Cruz-Diez demonstra esse princípio em larga escala, uma tela que parece inundar a sala num dilúvio de cor.
Depois disso, seus experimentos se tornaram mais radicais. Cruz-Diez se livrou da tela convencional e passou a arquitetar ambientes inteiros mergulhados em cor, situações em que os espectadores caminham por zonas cromáticas intensas, confundindo a ideia de cor na pintura com a realidade da luz no espaço. "É experimentar e absorver a cor na pele", diz
Ramírez. "Ele cria experiências quase alucinógenas."
CARLOS CRUZ-DIEZ
QUANDO: abre sábado, às 11h; de ter. a dom., 10h às 18h; até 23/9
ONDE: Pinacoteca (pça. da Luz, 2, tel. 0/xx/11/3324-1000)
QUANTO: R$ 6
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