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30/08/2012 - 06h12

Filme em Veneza compara Wall Street com terrorismo religioso

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RODRIGO SALEM
ENVIADO ESPECIAL A VENEZA

Três dias antes dos ataques ao World Trade Center, em 11 de setembro de 2001, a diretora Mira Nair comemorava em Veneza seu Leão de Ouro de melhor filme por "Um Casamento à Indiana".

Mais de uma década depois, a diretora indiana retorna à cidade de sua consagração com um filme ligado diretamente à tragédia orquestrada por Osama Bin Laden.

"Eu estava muito feliz e tinha acabado de chegar a Toronto quando soube da notícia. Fiquei chocada. Moro em Nova York e meu marido e meus filhos estavam lá", recorda-se a cineasta.

Em "Relutante Fundamentalismo", adaptação do best-seller do escritor Mohsin Hamid que abriu, ontem, o 69º Festival de Veneza, Nair volta ao período para acompanhar a ascensão do jovem paquistanês Changez (Riz Ahmed) em uma companhia de análise financeira em Wall Street, em Nova York.

Divulgação
Kate Hudson e Riz Ahmed em cena do filme
Kate Hudson e Riz Ahmed em cena do filme

Rumo ao sucesso, a vida do rapaz vira de cabeça para baixo com a queda das Torres Gêmeas e o aumento do preconceito aos árabes.

"Antes disso, você mal ouvia inglês em Nova York. Depois, nós viramos estranhos. Foi uma época dolorosa", conta Nair.

EXAGEROS

O longa começa com Changez sendo perseguido por agentes da CIA no Paquistão, onde passa a atuar como professor e militante. A história é basicamente contada em flashback em uma "entrevista" com um jornalista americano (Liev Schreiber).

Conhecida por sempre estar um pouco acima do tom, Mira Nair quase se despe de seus exageros quando aposta no thriller internacional de "Relutante Fundamentalismo", mas ainda encontra espaço para casamentos e um romance entre o imigrante e uma artista americana perturbada (Kate Hudson, visivelmente acima do peso).

"Quis fazer uma obra que fosse além dos estereótipos e clichês, mas é a jornada de um homem", confessa Nair.

"Esperamos desarmar alguns rótulos e mostrar os seres humanos por baixo disso, americanos ou não", completa o autor Mohsin Hamid.

Ainda assim, o roteiro de William Wheeler, Ami Boghain e do próprio Hamid encontra espaço para algumas críticas à política externa do governo George W. Bush.

Na maior delas, o filme compara os lobos de Wall Street, representados pelo personagem de Kiefer Sutherland, o mentor do paquistanês, com terroristas radicais.

"Há um paralelo entre o fundamentalismo econômico de Wall Street e o praticado por fundamentalistas religiosos", admite a cineasta, que espera que o longa seja recebido com mais tolerância nos EUA.

"Diferente do 'Ame-nos ou Deixe-nos' que Bush falou, há um terreno no meio. Há pessoas cansadas com a política externa americana e há pessoas de fora que amam os Estados Unidos."

 

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