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07/09/2012 - 03h28

"Cosmópolis" marca volta de Cronenberg aos filmes mais experimentais

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RODRIGO SALEM
ENVIADO ESPECIAL A VENEZA

É difícil imaginar David Cronenberg, o mestre do horror grotesco, diretor de clássicos como "A Mosca" (1986) e "Gêmeos - Mórbida Semelhança" (1988), sentado em uma sala assistindo à saga "Crepúsculo".

Mas foi exatamente o que aconteceu. Após Colin Farrell deixar "Cosmópolis" para filmar o remake de "O Vingador do Futuro", o cineasta canadense precisava achar um novo ator para a adaptação do livro de Don DeLillo.

"O carisma de Robert Pattinson em 'Crepúsculo' é evidente e vi que ele seria perfeito para o tom do meu filme. Não foi uma questão apenas de interpretação", revela Cronenberg, que ainda viu mais dois filmes menores ("Poucas Cinzas" e "Lembranças") do ator para finalmente chamá-lo.

Divulgação
O ator Robert Pattinson em cena de "Cosmopolis"
O ator Robert Pattinson em cena de "Cosmopolis"

Já Pattinson ficou atônito com a possibilidade de viver um jovem bilionário trancado na sua limusine boa parte do filme. "Falei para David que ligaria no dia seguinte, mas levei uma semana para retornar", revelou o astro, em entrevista à Folha durante o Festival de Cannes.

"Não sabia se seria capaz de segurar o papel quando li o roteiro. Liguei dizendo: 'Sou um covarde e um merda'. Mas Cronenberg me convenceu do contrário", brinca Pattinson.

Quando finalmente começaram as filmagens em Nova York da trama sobre a derrocada do sistema financeiro e da sociedade capitalista, Cronenberg viu novamente a realidade alcançar sua ficção --"Videodrome", de 1983, de certa forma previu a Internet, e "EXistenZ" saiu um mês antes de "Matrix", adiantando a temática do blockbuster.

"Quando escrevi 'Cosmópolis', antes de 'Um Método Perigoso', não havia nada do Occupy Wall Street. Estava filmando em Nova York um longa-metragem sobre anticapitalismo e, quando olhei para a TV, vi protestos contra os bancos nas ruas da cidade. Foi estranho", conta o cineasta canadense.

"De repente, eu estava rodando um documentário."

"Cosmópolis" marca o retorno de Cronenberg a filmes mais experimentais, após três longas realistas com Viggo Mortensen: "Marcas da Violência" (2005), "Senhores do Crime" (2007) e o citado "Um Método Perigoso", de 2010.

"Não foi nada proposital. Acho engraçado que vocês jornalistas achem que existe uma escolha deliberada quando opto um filme. Não há nenhum plano, tudo depende do financiamento", explica. "Talvez Spielberg consiga dizer que vai fazer uma ficção científica, uma comédia ou mais um filme de dinossauros. Eu não consigo."

Mesmo assim, a volta ao estilo mais surreal caiu bem para Pattinson e seu bilionário entediado com a própria vida. "Foi a primeira vez em que vi um filme meu sem me achar um idiota", revela o ator sem papas na língua.

 

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