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23/11/2012 - 03h36

'Serra Pelada', com Juliano Cazarré, narra amizade e ganância

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RODRIGO SALEM
ENVIADO ESPECIAL A PAULÍNIA (SP)

Em junho passado, a 15 dias do início das filmagens de "Serra Pelada" no Pará, Heitor Dhalia e a produtora Tatiana Quintella receberam a notícia de que a Companhia Vale do Rio Doce não cederia o terreno previsto para servir de cenário e o governo do Pará não apoiaria o longa.

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A alternativa local era um terreno de mineração a cerca de 150 km de Belém. "Não tínhamos onde dormir nem a segurança necessária. Se a gente fosse para o Pará, seria um caminho sem volta", lembra Quintella.

Assim, as filmagens de "Serra Pelada", que deve ter a estreia mundial no próximo Festival de Cannes, foram adiadas para este mês e transferidas para São Paulo.

Os prejuízos foram mínimos, mas a agenda dos protagonistas Wagner Moura e Daniel de Oliveira, que fariam os dois amigos que rumam ao garimpo no início dos anos 1980, estava comprometida.

Enquanto Oliveira foi substituído por Júlio Andrade ("Gonzaga - De Pai pra Filho"), o ator de "Tropa de Elite", que também é produtor de "Serra Pelada", passou a bola para Juliano Cazarré e ficou como o vilão do filme, que exigia menos dias no set.

Gabo Morales/Folhapress
O ator Juliano Cazarre se concentra durante as filmagens do filme Serra Pelada, de Heitor Dhalia
O ator Juliano Cazarre se concentra durante as filmagens do filme Serra Pelada, de Heitor Dhalia

"Foi a equação ideal, porque pude fazer um papel importante e não deixei um projeto em que estou envolvido há três anos", diz Moura.

Quando a Folha entrou na cidade cenográfica em Paulínia, Cazarré e Andrade já estavam confortáveis com seus personagens. Eles já haviam filmado duas semanas na Serra Pelada de mentira, recriada em Mogi das Cruzes, distante 60 km de São Paulo.

O primeiro interpreta Juliano, um sujeito que vê no garimpo a solução para seus problemas financeiros.

O segundo é Joaquim, professor de português que segue o amigo para o Pará em busca de dinheiro para sustentar a mulher grávida (Eline Porto) em São Paulo.

No "formigueiro", os dois começam a entrar em conflito à medida que encontram ouro e ganham poder naquela terra sem lei.

"Ninguém paga 2%, só a gente. Por mim, seria 1%, mas o professor aqui é comunista", discursa o personagem de Juliano a um bando de garimpeiros em uma cena.

Nessa ascensão da dupla na região, Dhalia cria seu "épico intimista" com sequências de ação e referências que vão de "Scarface" a westerns -Sophie Charlotte, por exemplo, vive a prostituta "criada" pelo coronel de Matheus Nachtergaele, mas que se apaixona por Juliano.

"É faroeste misturado com filme de gângster", exalta o diretor. "Evitamos nos preocupar muito com os eventos históricos. É um filme que traz a verdade, mas é um filme."

TARANTINO E MARIAS

No intervalo de uma cena em que Cazarré confrontava a personagem de Sophie, vestida de noiva e toda ensanguentada, impossível não se lembrar de Tarantino.

Ele canta "Bang Bang (My Baby Shot Me Down)", cuja versão de Nancy Sinatra ficou famosa na trilha sonora do filme "Kill Bill".

"Tarantino brinca mais com gênero, enquanto 'Serra Pelada' é mais dramático. Mas não aplaco a violência", garante Dhalia. "Lembro de 'Sangue Negro' pela obsessão do personagem com o ouro", diz Cazarré.

"Serra Pelada" terá um elemento original ao trazer à tona as "Marias", apelido dos homossexuais que fazem as vezes de mulheres na vila dos garimpeiros. "É um tema nunca tratado neste estilo de filme. Eles têm boas cenas de ação e vingança", diz o cineasta. "Nada supera a realidade."

 

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