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Crítica: Jornalista Pedro Doria lança volume fluente sobre fundação do Rio
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OSCAR PILAGALLO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Em "1565 - Enquanto o Brasil Nascia", Pedro Doria pega a narrativa no ponto em que Eduardo Bueno a largou e a leva até um ponto anterior ao início da história contada por Laurentino Gomes.
Bueno relata, em quatro volumes, as peripécias da colonização, até meados do século 16. Gomes aborda a vinda da Corte e a independência, em "1808" e "1822". Já Doria foca a fundação do Rio, no ano que dá título ao livro, e sua formação.
As referências aos sucessos editoriais não se justificam apenas pela ponte cronológica. Como Bueno e Gomes, Doria é um jornalista que se dedica a escrever história.
Embora a natureza dos livros seja a mesma -são todos de divulgação-, há diferenças de estilo. Enquanto Bueno prefere fragmentar parte da informação em pílulas de almanaque e Gomes opta pela reportagem de fôlego, Doria aposta na crônica.
O formato privilegia a fluência, mas talvez não seja o mais adequado para a ambição do autor. Algumas afirmações carecem de argumentação mais alentada, que a crônica não comportaria.
Por que, por exemplo, o país em que vivemos "é fruto da imaginação de quem governou Portugal entre 1530 e 1550"? E será que Martim, um dos membros da família Sá, teria sido político tão hábil quanto Marco Antônio, personagem de Shakespeare?
Divulgação | ||
Mapa da França Antártica no Brasil |
Não que haja erro nas extrapolações (como no lapso de datar a fundação de São Paulo em 25 de março). Mas são teses que precisariam ser mais bem demonstradas.
Feita a ressalva, o que fica da leitura de "1565" são as boas passagens. É vívida a descrição do Rio pré-descobrimento, quando o Pão de Açúcar ainda era uma ilha.
Mais adiante, é esclarecedora a explicação sobre o fluxo da maré na entrada da baía da Guanabara, que, ao dificultar a passagem das embarcações, aumentava a importância estratégica do local.
Os capítulos dedicados à França Antártica reconstituem a aventura colonizadora de Villegagnon entre 1555 e 1560, bem descrita como "um negócio particular com a bênção real".
O choque cultural, após o contato com índias que gostavam de sexo "sem culpas, religiões ou psicanálises", é apresentado com leveza: "Onde os tupis viam boas-vindas e meia dúzia de orgasmos, Villegagnon enxergou luxúria -a perdição de sua colônia ainda nos primeiros dias".
Destaca-se a análise do papel do jesuíta Manoel da Nóbrega na fundação da cidade. Testemunha da expulsão dos franceses, o padre defendeu junto à realeza a fundação de uma cidade na Guanabara.
O religioso é um elo da relação entre São Paulo e Rio, um eixo do livro que o aproxima da obra de Roberto Pompeu de Toledo, mais um jornalista historiador. Nesse aspecto, "1565" é uma versão carioca, informal e menos densa de "A Capital da Solidão".
OSCAR PILAGALLO, jornalista, é autor de "História da Imprensa Paulista" (Três Estrelas) e "A História do Brasil no Século 20" (Publifolha).
1565 - ENQUANTO O BRASIL NASCIA
AUTOR Pedro Doria
ONDE Nova Fronteira
QUANTO R$ 39,90 (280 págs.)
AVALIAÇÃO bom
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