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Quadrinista Lourenço Mutarelli lança obra bancada por fãs
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MÁRCIO PADRÃO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Autor em evidência no país nos quadrinhos e na literatura, Lourenço Mutarelli é um dos novos adeptos da via do "crowdfunding".
O autor de "O Cheiro do Ralo" --que virou filme em 2007-- conseguiu arrecadar verba para seu próximo projeto graças a contribuições de fãs no site Catarse.
O box "Lourenço Mutarelli - Sketchbooks" é uma seleção de cinco cadernos que reúnem insights e desenhos de seu processo criativo.
O projeto é da editora Pop, que pediu R$ 38 mil no site, a serem captados em 45 dias, e obteve mais de R$ 44 mil. O lançamento será hoje, com palestras e exposição de trabalhos de Mutarelli.
O projeto foi orçado em mais de R$ 90 mil, mas, segundo os editores, o valor pedido foi suficiente para viabilizar a produção --cobrindo a fotografia dos "sketchbooks" (escanear os esboços poderia danificá-los), textos, tradução (será uma edição bilíngue) e papel.
O box contém ainda um sexto volume, com ilustrações e texto do autor, dos editores e de Arnaldo Antunes.
Lourenço Mutarelli | ||
Páginas de um dos cadernos de esboços que Lourenço Mutarelli lança em São Paulo |
LABORATÓRIO DE IDEIAS
A relação de Mutarelli com os cadernos de esboço começou em 2006, quando passou um mês em Nova York.
O objetivo era usá-los temporariamente, para não carregar o laptop em seus passeios pela cidade, mas acabou tornando-se um hábito.
"Embora eu precise muito dos cadernos para criar coisas, penso neles mais como um laboratório de ideias. É uma mistura de diário com coisas 'nonsense'", diz ele.
Roger Bassetto e Cezar de Almeida, editores da Pop, tiveram o primeiro contato com esses "sketchbooks" quando um deles foi utilizado para ilustrar um trabalho para a Companhia das Letras, atual editora do artista.
Empolgados, conceberam o projeto e tentaram levantar fundos via patrocínio comum por quase um ano, sem obter sucesso.
"Meu editor até ofereceu o projeto para a Companhia, mas disseram que não era o perfil deles", diz Mutarelli, que havia experimentado um "embrião" do projeto quando a Pop o convidou para a coletânea "Sketchbooks - As Páginas Desconhecidas do Processo Criativo", de 2010.
Tendo como lema "alimento para mentes criativas", a Pop nasceu da experiência de seus fundadores com a livraria e galeria Pop, que funcionou de 2006 a 2010.
"Existe um interesse da editora pelo processo criativo. Reparamos que o nosso mercado não abordava bem isso", diz Bassetto.
A primeira reação de Mutarelli sobre o "crowdfunding" foi de ceticismo: achava o valor a levantar alto para o meio. Mas o retorno o surpreendeu. "Soube que algumas pessoas tentaram contribuir depois que a arrecadação foi encerrada", conta.
Agora, após essa primeira empreitada financiada por fãs, demonstra ânimo. "Achei maravilhoso e tentador. Tenho muita vontade de lançar coisas mais artesanais neste formato", conclui o autor.
Lourenço Mutarelli | ||
Livros que compõem "Lourenço Mutarelli - Sketchbooks" |
SKETCHBOOKS
AUTOR Lourenço Mutarelli
EDITORA Pop
QUANTO R$ 150
LANÇAMENTO hoje, das 19h30 às 22h, no Instituto Tomie Ohtake (av. Brigadeiro Faria Lima, 201).
EXPOSIÇÃO de 6 a 16/12, no mesmo local, das 11h às 20h
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