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08/02/2013 - 04h40

Cineasta chinês Wong Kar-Wai abre Berlim com épico de artes marciais

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RODRIGO SALEM
ENVIADO ESPECIAL A BERLIM

Wong Kar-Wai, diretor chinês de "Amor à Flor da Pele" (2000), anunciou em 2002 "The Grandmaster", seu épico de artes marciais sobre o mestre que treinou Bruce Lee, mas perseguia a história desde 1999, quando viu um vídeo em Super 8 sobre Ip Man.

"Três dias depois, ele morreria. No documentário, vemos aquele senhor de pijamas, cercado por gatos e netos, mostrando uma coregrafia de luta. Não conseguimos ver sua face, apenas seus movimentos. Mas ele estava em agonia. Aquilo me emocionou", explicou o cineasta.

No mês passado, Kar-Wai finalmente lançou o filme na China, após dois anos na sala de edição. O longa, cobiçado pela curadoria de Cannes, foi escolhido para abrir o 63º Festival de Cinema de Berlim, que começou ontem.

"Gostaria de ter passado mais tempo nele", disse Kar-Wai, que teria feito uma primeira versão com quatro horas de duração, mas exibiu uma com pouco menos de duas em Berlim.

A demora é compreensível. "The Grandmaster" sofre da obsessão do cineasta por três pontos: as belas lutas orquestradas por Yuen Woo-Ping, coreógrafo chinês que ganhou fama após "Matrix" (1999); a história de três pioneiros de escolas diferentes do kung fu chinês; e o amor entre o mestre sulista Ip Man (Tony Leung) e Gong Er, (Zhang Ziyi), filha de um mestre do norte em um país dividido no início do século 20.

Thomas Peter/Reuters
A atriz Zhang Ziyi, de "The Grandmaster"
A atriz Zhang Ziyi, de "The Grandmaster"

"A história de Ip Man confunde-se com a história da nossa república", explicou o cineasta. "Mas ele nunca deixou de ser humilde. O filme tem esse nome porque ele pegou um estilo de luta que era de famílias ricas e o tornou acessível, popular. Isso é ser um mestre e não um herói."

"The Grandmaster" é um filme mais poético que "O Tigre e o Dragão". Apesar de suas lutas filmadas em câmera lenta e musicadas quase como uma ópera, Kar-Wai preocupa-se em injetar temas que podemos enxergar em sua filmografia, como amores proibidos, a ironia do destino e o conflito social.

A primeira metade mostra como Ip Man torna-se o representante de um estilo de luta imbatível, o amor por sua família e a decadência com a fragmentação da China. "Foi mais fácil interpretar esse personagem, pois havia um homem real em quem me basear, ao contrário de filmes anteriores", disse o ator Tony Leung.

A última hora foca em Gong Er, que busca vingança após o assassinato do pai por seu maior pupilo. Ziyi toma o filme para si com a ajuda da bela fotografia do francês Philippe Le Sourd.

"Nem sempre o cineasta provê respostas. É nossa missão gerar novos ângulos e perguntas", afirmou Kar-Wai, que não fazia um longa havia seis anos, desde o fracasso de "Um Beijo Roubado", seu primeiro filme nos EUA.

"Espero que o público veja que 'The Grandmaster' não é sobre artes marciais, mas sobre honra e valores."

 

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