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Na tela, vida de Serge Gainsbourg vira uma comédia musical
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VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES
Foi uma admiração nascida quando ainda era criança que fez Joann Safar, premiado autor de quadrinhos, escolher a vida de Serge Gainsbourg (1928-1991) para sua estreia na direção de cinema no filme "Gainsbourg, Vie Héroïque" (Gainsbourg, vida heróica).
"Gainsbourg evoca o período em que a França soube melhor exportar seus artistas", afirma o cineasta.
Além disso, diz, Gainsbourg era a única pessoa com atitude na TV francesa, em meio a um monte de chatos. Sempre falava sobre sexo, sempre estava bêbado, alegre e triste ao mesmo tempo.
O filme não é uma cinebiografia convencional. "É mais uma comédia musical", afirma Safar, que se diz influenciado por "Sinfonia em Paris" (1951; Vincente Minnelli, e "Todos Dizem Eu Te Amo" (1996; Woody Allen).
Divulgação | ||
Cena de "Gainsbourg", Vie Heroïque "mostra o músico e Jane Birkin, sua terceira mulher |
A história começa com Gainsbourg ainda criança, quando queria ser pintor e sofria por ser judeu, na França invadida pelos nazistas.
Mostra seu início de carreira musical, tocando piano em bares para sobreviver, e sua consolidação como cantor e compositor, quando flerta com estilos diferentes como jazz, rock e até reggae (gravou com jamaicanos uma versão da "Marselhesa", hino da França).
Ao longo do filme, Gainsbourg é perturbado por uma figura monstruosa que é uma caricatura dele mesmo, com mãos, nariz e orelhas enormes. Essa criatura funciona como um grilo falante para o artista, dizendo os rumos que deve tomar na carreira e com que mulheres deve sair.
Duas coisas são realçadas no filme, a relação de Gainsbourg com as mulheres e como nasceram suas músicas, como "La Javanaise", feita para Juliette Gréco, ou "Je T'aime Moi Non Plus", cuja musa foi Brigitte Bardot, que havia pedido uma canção de amor ao compositor.
"Bardot afirmou que amava Gainsbourg porque nos braços dele ela se sentia linda", afirma o diretor.
FAMÍLIA E MENTIRA
A princípio, Sfar queria que a atriz e cantora Charlotte Gainsbourg, filha do compositor, interpretasse o pai.
Ela primeiro aceitou, depois desistiu. Sua mãe, Jane Birkin, terceira mulher de Gainsbourg, leu o roteiro e fez duras críticas.
Em entrevista ao "Sunday Times", Birkin afirmou que o filme era cheio de inverdades sobre a família de Gainsbourg e que ela própria era retratava de forma patética.
Sfar se defende: "Eu não teria feito o filme sem o apoio da família Gainsbourg. Eles venderam os direitos sobre as músicas e até permitiram que a gente filmasse na casa dele. Já Jane [Birkin] disse, desde o início do processo, não gostar da ideia de um filme sobre seu marido. Meu filme não é sobre inverdades. Construí o roteiro com frases ditas pelo próprio Gainsbourg em entrevistas. Há mentiras no filme, mas são as mentiras do Gainsbourg."
Lucy Gordon, a atriz que interpreta Birkin no longa, se matou enquanto ele estava sendo montado. O filme é dedicado a ela. Após o sucesso de "Gainsbourg", o diretor diz que irá conciliar as carreiras de quadrinhista e diretor.
No mês que vem, lança um livro em quadrinhos sobre o pintor Marc Chagall. Também já tem pronto seu segundo filme, baseado em seu livro "The Rabby's Cat", que será lançado em 3D.
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