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23/09/2010 - 07h38

Em SP para a Bienal, cartunista do "Monde" diz que leitor precisa ser "chacoalhado"

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MARCOS FLAMÍNIO PERES
DE SÃO PAULO

Plantu é o cartunista político por excelência: de esquerda, crítico do imperialismo americano e defensor do Terceiro Mundo (ou o que isso significou um dia).

Leia a cobertura completa sobre a Bienal de Artes

É enorme sua sinergia com o "Le Monde", mítico jornal de centro-esquerda, onde ilustra a primeira página há 25 anos. "Sempre quis fazer uma pedagogia pela imagem, mostrando as relações entre países ricos e pobres."

Herdeiro da linha clara de Hergé --o criador de Tintin--, reivindica a influência de clássicos da pintura, como David (1748-1825, "O Rapto das Sabinas") e Ingres (1780-1867, "O Banho Turco"). "Eu me emociono quando vejo afrescos em Pompeia", diz Plantu, que inaugura exposição amanhã em SP e participa de debate na 29ª Bienal.

Na entrevista abaixo, ele fala de Robert Crumb e elogia a "escola" latino-americana de desenho, como os brasileiros Jaguar, Caruso e Ziraldo. "Eles são loucos."

Divulgação
Desenho de Plantu satiriza o Fórum Social Mundial (Porto Alegre) e o Fórum Econômico Mundial (Davos)
Desenho de Plantu satiriza o Fórum Social Mundial (Porto Alegre) e o Fórum Econômico Mundial (Davos)

Folha - O cartum é autônomo quanto ao artigo que ilustra?

Jean Plantu - O ideal é que o desenho faça um voo solo e passe ao leitor o essencial do texto escrito. Mas não pode prescindir do jornal, porque ele leva o leitor a verificar os detalhes da história --que só estão presentes no texto escrito.

Quais são hoje os personagens mais caricaturáveis? Sarkozy, Carla Bruni, o presidente Lula, por exemplo?

Sem dúvida, porque têm expressões de marionete.

E o presidente Obama?

É difícil caricaturá-lo por duas razões: ele é bonito e simpático. Claro que é muito mais fácil fazer a caricatura de George W. Bush! Mas o cartunista não pode se colocar esse tipo de questão, pois ele tem que desenhar a vida.

Um cartunista é também um pensador da cultura?

Sim, embora não seja o meu caso! [risos]. Mas conheço desenhistas brasileiros que podem fazer, por exemplo, um livro consagrado a Picasso. Essa dimensão cultural, intelectual, só encontro na América Latina.

E qual a razão?

Os latino-americanos parecem encravados em sua própria cultura. Eu não diria isso sobre os EUA, por exemplo. Admiro os americanos, mas fazem uma alusão cultural polarizada, como de TV.

O que acha de Robert Crumb?

Bem, aí estamos falando de outra dimensão do desenho, pois ele é exatamente o oposto do que falei sobre os americanos. Aprecio muito sua versão da Bíblia ["Gênesis", Conrad], impressionante em criatividade e estilo. Crumb é de outro planeta!

Qual é o tema mais importante para os cartunistas hoje?

Liberdade de pensamento.

Um desenhista pode mudar a consciência dos leitores?

É preciso fazê-lo como se fosse possível! O cartunista deve chacoalhar as certezas e as emoções do leitor.

Em que parte do mundo está o futuro do desenho?

Admiro os latino-americanos, porque são loucos. A linha deles, que vem diretamente dos grandes pintores, também encontra alguma ressonância na Áustria e na Alemanha, não na França.

Quanto tempo leva para fazer um desenho?

Posso levar cinco horas e fazer uma porcaria, e há outros que me tomam meia hora e saem muito bons.

Estar na redação o inspira?

Nas reuniões, fico atento mais a frases roubadas, pois o desenho está mais em sintonia com espontaneidade.

Qual será o tema de seu cartum no "Monde" de amanhã?

Em geral, duas horas antes do fechamento da edição, nunca sei o que irei fazer!

EXPOSIÇÃO DIÁLOGOS COM JEAN PLANTU
QUANDO a partir de amanhã; de seg. a sex., das 13h às 22h, sáb., das 9h às 18h; até 30/10; bate-papo na sexta, às 17h30
ONDE Sesc Consolação (r. Dr. Vila Nova, 245, tel. 0/ xx/11/3234-3000)
QUANTO grátis
CLASSIFICAÇÃO livre

CARTOONS POLÍTICOS
QUANDO domingo, às 15h
ONDE 29ª Bienal de Artes (pq. Ibirapuera, s/nº, portão 3; tel. 0/xx/11/5576-7600)
QUANTO grátis

 

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