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01/10/2010 - 07h03

Sesc expõe Lygia Clark ausente da 29ª Bienal

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SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO

Grande ausência da atual Bienal de São Paulo, a obra "Caminhando", de Lygia Clark, é o trabalho central de uma exposição que começa hoje no Sesc Vila Mariana.

Veja mais imagens de obras que estão na exposição
Acompanhe a cobertura completa da Bienal

Clark estava na lista de artistas da 29ª Bienal com a reedição da performance de 1963 em que o público recorta uma fita de papel, desdobrando as formas da escultura "Unidade Tripartida", de Max Bill, num experimento tridimensional e efêmero.

Logo antes do lançamento oficial da lista de artistas, os curadores da mostra anunciaram a saída de Clark, alegando divergências com a família da autora, que cuida de seu espólio na associação O Mundo de Lygia Clark.

Segundo Moacir dos Anjos e Agnaldo Farias, os herdeiros da artista morta em 1988 cobraram R$ 45 mil, valor considerado "escandaloso e incompatível", para liberar a exposição do trabalho.

Também fizeram, segundo os curadores, exigências como determinar onde seria comprado o papel para a obra e escolher quem escreveria sobre ela no catálogo.

"Acho o fim da picada, o fim do mundo, uma traição à memória da artista", disse Farias antes da Bienal, comentando a ausência de Clark da mostra. "Essa obra tinha de estar lá, não é uma tristeza, é um escândalo."

Dos Anjos falou sobre o caso num dos debates antes da Bienal. "Havia um descompasso entre o que a obra exigia e exigências da família da artista", disse. "É evidente que isso faz falta, mas é uma ausência que pela própria ausência se faz presente."

Divulgação
Registro da performance "Caminhando", feita por Lygia Clark em 1963, em que a própria artista recorta fita de papel
Registro da performance "Caminhando", feita por Lygia Clark em 1963, em que a artista recorta fita de papel

PRESENÇA FÍSICA

No sentido físico, "Caminhando" poderá ser visto e experimentado por visitantes do Sesc Vila Mariana nos próximos dois meses, na mostra "Por Aqui, Formas Tornaram-se Atitudes", com curadoria de Josué Mattos.

"Cheguei antes da Bienal com esse projeto", conta Mattos à Folha. "Mas ele se realizou depois da Bienal."

Ele diz que pagou à família "o valor pedido por eles, um valor completamente normal". "Não foi pago nada de excessivo", afirma. "Não foi um problema pagar isso."

Embora não tenha revelado valores, Mattos diz que equivale ao que a família costuma exigir por exposições de médio porte e que foi menos de "metade da metade" do valor cobrado da Bienal.

Também disse que o papel usado na mostra é "um papel qualquer, bobina de caixa eletrônico", comprado no largo da Batata, em SP.

Mattos acrescentou que o projeto de sua mostra foi elaborado nos últimos dez anos. Ele estudava na Sorbonne e conheceu Álvaro Clark, filho da artista, em Paris, quando a família procurou um pesquisador para analisar obras da artista da época em que ela viveu na capital francesa.

Procurado pela Folha por telefone e por e-mail, Álvaro Clark, filho da artista, disse que não iria comentar o caso.

 

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