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21/10/2010 - 07h23

Philippe Starck se diverte com imbróglio que envolveu sua obra e jogador Adriano

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CRISTINA GRILLO
ENVIADA ESPECIAL A PARIS

O homem que associou seu nome ao design arrojado, criando combinações surpreendentes que se tornaram sua marca --cabeças de unicórnio, mesas de inox e cadeiras estofadas com tecidos que reproduzem o rosto de personalidades-- agora busca o atemporal.

Às vésperas da inauguração de sua mais nova criação --a repaginação completa do tradicional hotel Le Royal Monceau Raffles, no 8º arrondissement parisiense, aberto esta semana para o público-- o designer francês Philippe Starck, 61, conta que não quer mais saber de tendências, que duram quatro ou cinco anos, mas sim encontrar o "eterno".

Veja fotos do hotel do designer Philippe Starck

"Os ingleses são bons para tendências. Nós, franceses, com nosso senso crítico extremo, matamos 90% de nossa criatividade, mas, quando conseguimos finalmente produzir alguma coisa, acaba sendo interessante, porque é sempre algo que foi pensado por um longo tempo, é atemporal, inteligente."

O designer que busca o eterno, no entanto, diverte-se ao saber que, no Brasil, o jogador de futebol Adriano, atualmente no Roma, time italiano, quase foi indiciado pela polícia por ter sido fotografado ao lado de um amigo que empunhava o que parecia ser um fuzil Kalashnikov.

Na verdade, o "fuzil" era a base de uma luminária da coleção armas, criada por Starck em 2005, que decorava a casa do jogador.

"Fico feliz por continuar contribuindo para o surrealismo no mundo", diz, às gargalhadas. "Você pode me mandar uma cópia dessa foto? Preciso ter isso."

Beatriz da Costa/Folhapress
O designer francês Philippe Starck posa para foto em seu ateliê, em Paris
O designer francês Philippe Starck posa para foto em seu ateliê, em Paris

ATEMPORALIDADE

Em seu ateliê em Paris, Starck diz ter se cansado do design produzido no mundo. Segundo ele, existem três correntes e nenhuma delas o interessa.

Há o que ele chama de "design cínico", criação de marketing para vender o que é desinteressante, mas envolto em uma nuvem que tenta tornar indispensável o que é totalmente dispensável.

"O design cínico cria objetos só para serem vendidos, sem que tenham qualquer utilidade. É um roubo", diz, sem identificar os "autores".

Starck também despreza o "design narcisista". "Há uma disputa entre criadores, cada um querendo mostrar que é maior do que o outro", diz.

Nem mesmo o clássico interessa Starck. "Alguns arquitetos e designers falam com propriedade sobre estilo, luz, madeira, concreto. Não sei o que é isso." O que ele busca é atemporalidade.

"Quando uma mulher compra uma saia que vai durar três meses, isso é estúpido, mas pode ser compreendido. Mas, se projeto um avião ou uma cadeira, não posso gastar essa energia em algo que vá durar pouco."

A mudança no status do design, diz, tem relação com "as mutações de nossa era": crise econômica mundial e questões ecológicas precisam ser levadas em conta.

"A crise é uma excelente oportunidade para pessoas inteligentes se reinventarem", afirma. É o que Starck está fazendo. Seu ateliê em Paris ainda exibe o estilo minimalista e, ao mesmo tempo, exuberante.

De uma das paredes de uma sala totalmente branca surge a cabeça empalhada de um touro. Mas ao se entrar no Le Royal Monceau, palacete de 1928 agora reformado por Starck, o conceito de atemporalidade fica claro.

Nada de unicórnios brancos nas paredes, como os do restaurante do Faena, em Buenos Aires, ou dos sofás multicoloridos do Sanderson, em Londres, dois hotéis com a grife do francês.

A sobriedade de madeiras, cortinas e sofás de couro lembra o hotel Fasano no Rio, outra criação de Starck, mas detalhes como cubos de vidro que expõem besouros coloridos ou um fumódromo em vermelho sangue --"Para lembrar o inferno", explica-- mostram o que torna Starck eterno.

A jornalista CRISTINA GRILLO viajou a convite de Le Royal Monceau Ruffles Paris

 

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