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Mercado de filmes tem reação após crise
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ANA PAULA SOUSA
ENVIADA ESPECIAL A BERLIM
No mercado de filmes, não há tapete vermelho nem empurra-empurra de fotógrafos.
Mas é no vasto prédio do mercado, a cerca de 500 metros da badalada tela do Berlinale Palast, que os homens de negócio decidem que filmes você, no Brasil, verá.
Por ser a primeira grande feira do ano, o European Film Market, evento paralelo à mostra de filmes, serve de termômetro para o que está por vir. E parece que, após dois anos baqueado pela crise financeira, o mercado de cinema começa a reagir.
"A crise atingiu fortemente a indústria. Mas percebemos um retorno aos negócios", atesta Catherine Buresi, vice-diretora do mercado. "Mas está claro, também, que o mercado não é mais o mesmo."
Muitas empresas fecharam. Novas surgiram. Mas a palavra de ordem é cautela.
Isso significa, no cinema, apostar no certo. É preciso, aqui, que se explique que os filmes produzidos por grandes estúdios, como Warner e Fox, são lançados por essas mesmas companhias.
O que os compradores vêm procurar são, portanto, os filmes independentes, ou seja, não ligados às chamadas "majors" de Hollywood.
O título a ser adquirido pode ser um filme pronto, em produção ou pode ser até um simples projeto, só com sinopse e nome do diretor.
São independentes, por exemplo, filmes como "O Discurso do Rei" e "Cisne Negro", que têm feito bonito na lista de premiações e nas bilheterias. "Isso acaba animando os distribuidores. Mas eles querem, é claro, filmes com grandes nomes ou de gênero", conta Buresi.
A outra onda, claro, é a do 3D. A feira aumentou em três vezes o número de projetores para o novo formato e, ainda assim, houve fila.
A revista "The Hollywood Reporter" registrou, também, a volta à cidade, em peso, dos americanos de bolsos bem forrados.
A publicação especializada afirmou que houve até um certo alívio do mercado em ver que Harvey Weinstein, o ex-chefão da Miramax, voltou às compras e que está disposto a jogar como gente grande de novo.
Divulgação | ||
Cena do longa sul-coreano "Come Rain Come Shine", de Lee Yoon-ki, que está competindo no Festival de Berlim |
ARTE À VENDA
À agressividade dos norte-americanos e a disputa feroz por grandes títulos contrapôs-se, ainda, certa calmaria no mercado de filmes de arte.
O distribuidor brasileiro Jean-Thomas Bernardini, da Imovision, especializada nesse tipo de filme, diz que não teve de enfrentar grandes disputas.
Em seu carrinho de compras, ele colocou "Pina", o documentário em 3D de Wim Wenders, dois filmes da competição --o iraniano "Nader e Simin, uma Separação" e o alemão "Se Não Nós, Quem"-- e ainda as novas produções de diretores como Philippe Garrel, Abbas Kiarostami e Olivier Assayas.
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