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29/03/2011 - 08h28

Festival de Curitiba inicia com potencial para ser mais que vitrine

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GABRIELA MELLÃO
DE SÃO PAULO

A maior vitrine de peças teatrais do país inicia exposição hoje. Ao longo de sua existência, o evento ganhou destaque com uma gôndola que, ao fazer um recorte da cena teatral do país, expunha sobretudo obras apetitosas ao grande público.

"Sucesso não é desaforo", diz Lúcia Camargo, uma das curadoras. "Somos um festival comercial desde o primeiro ano, que depende da bilheteria para fechar o orçamento", diz o diretor geral Leandro Knopfholz.

Pois, quem diria, é esse mesmo festival que, neste ano, em sua vigésima edição, vivencia uma mudança que pode não beneficiar tanto seus bolsos, mas com certeza enriquece o teatro.

O cardápio da mostra oficial é como sempre variado, feito para agradar paladares diversos --mas até ele surpreende ao abrir espaço efetivo para a dramaturgia do país, para além dos habituais blockbusters, comédias, espetáculos de Cias. consagradas, de stand-up e musicais.

"É a primeira vez que o festival tem a dramaturgia brasileira como eixo curatorial", diz Knopfholz.

O perfil investigativo do festival se evidencia sobretudo no Fringe, a polêmica mostra paralela, que desta vez abriga 370 peças.

A iniciativa não é da organização do evento, mas dos grupos que criaram nove mostras com curadorias. Cada uma apresenta entre cinco e dez espetáculos ou leituras cênicas.

O objetivo é garantir sobrevivência ao pensar teatral e, claro, aos grupos --não é tarefa fácil conseguir visibilidade neste mar de opções que é o Fringe.

Divulgação
A artista Denise Stoklos adapta, dirige e interpreta no espetáculo "Preferiria Não"
A artista Denise Stoklos adapta, dirige e interpreta no espetáculo "Preferiria Não", que está no Festival de Curitiba

TOMANDO CONTA

"Um festival que dura tanto tempo, e que tem tal projeção no país, tem, de certa forma, que ser tomado pelos artistas", diz Marcio Abreu, diretor da paranaense Cia. Brasileira de Teatro, grupo que se firmou como um dos mais interessantes do país.

Abreu sentia falta de um espaço para a troca entre artistas. Idealizou um evento de leituras que investiga o ineditismo em diferentes vertentes artísticas e reúne pesquisadores de linguagem, como os autores e diretores Roberto Alvim e Grace Passô.

Também apresenta o novo trabalho da Cia., "Oxigênio", de Ivan Viripaev.

"O teatro de investigação está ganhando maior evidencia no Fringe", diz o autor e diretor curitibano Marcos Damaceno, responsável pelas mostras Sesi Dramaturgia e Novos Olhares. Os eventos apresentam uma nova geração de dramaturgos, como Diego Fortes, que escreveu e dirigiu "Os Invisíveis" em colaboração de Grace Passô.

Ivam Cabral, o único do time que não é do Paraná, traz a efervescência da praça Roosevelt para Curitiba, na mostra intitulada Conexão Roosevelt.

Cabral participou deste movimento curatorial que começou a se destacar no ano passado. Contava com dois adeptos: ele e o ator Chico Pelúcio.

As mostras Novos Repertórios e Novelas de Todos os Cantos também voltam-se para inovação teatral.

"Além de incentivar encontros entre companhias que conseguem dialogar artisticamente, o público também se beneficia no momento de montar sua agenda de espetáculos", diz Pablito Kucarz, integrante do grupo Teatro de Breque, de Curitiba, e um dos curadores da mostra Novos Repertórios.

O diretor do festival acredita que o futuro do Fringe esteja neste movimento curatorial. "É maravilhoso isso. Espero que este movimento só cresça", diz Knopfholz.

Graças à mobilização de artistas, o Festival de Curitiba começa a revelar uma faceta essencial para um evento com sua relevância. Dá sinais de que pode ser mais do que uma vitrine. O evento pode tornar-se um espaço de experimentação.

 

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