Investidores desconsideram corte da S&P e Bolsa fecha estável; dólar cai

Crédito: Pedro Ladeira/Folhapress Presidente Michel Temer: mercado desconsiderou rebaixamento da nota de crédito do país
Presidente Michel Temer: mercado desconsiderou rebaixamento da nota de crédito do país

DE SÃO PAULO

O rebaixamento da nota de crédito do Brasil pela agência de classificação de risco S&P Global Ratings não teve impacto no mercado financeiro nesta sexta (12). A Bolsa fechou praticamente estável e o dólar encerrou o dia com baixa, cotado a R$ 3,20.

O Ibovespa, das ações mais negociadas, teve leve queda de 0,02%, para 79.349 pontos. Na semana, a alta foi de 0,35%. O giro financeiro foi de R$ 9,1 bilhões –a média diária de janeiro está em R$ 7,5 bilhões.

O dólar comercial se desvalorizou 0,40%, para R$ 3,207. Na semana, recuou 0,83%. O dólar à vista caiu 0,43%, para R$ 3,210 –queda de 0,64% na semana.

A decisão da agência de classificação de risco S&P Global Ratings de rebaixar a nota de crédito brasileira já estava precificada, de acordo com Roberto Indech, analista-chefe da Rico Investimentos.

A agência decidiu cortar a nota de crédito da dívida do Brasil de "BB" para "BB-" –três níveis abaixo do grau de investimento (concedido a países que são considerados bons pagadores). Foi o primeiro rebaixamento por uma agência no governo do presidente Michel Temer.

O atraso nas reformas e as incertezas sobre a eleição presidenciável deste ano foram os principais fatores que pesaram na decisão da S&P.

"Não teve impacto na Bolsa. Foi uma reação bastante neutra. Claro que é uma noticia negativa, ainda mais por uma questão de credibilidade internacional, mas desde meados de dezembro a informação estava rolando, por causa do atraso da reforma", diz Indech.

Para ele, a probabilidade de o governo conseguir aprovar a reforma é muito baixa. "Será um ano complicado para haver uma votação no Congresso, por isso a gente enxerga uma probabilidade baixa, apesar dos esforços que o governo tem feito", complementa.

Alvaro Bandeira, economista-chefe do home broker Modalmais, avalia que a notícia piora o quadro econômico. "Ao mesmo tempo, pode estimular políticos a votarem reformas e medidas de ajuste. O maior comprometimento de não fazer reformas estará em 2019", afirma.

AÇÕES

Das 64 ações do Ibovespa, 27 caíram, 33 subiram e quatro fecharam estáveis.

A maior queda foi registrada pela Kroton Educacional, com desvalorização de 4,33%. A CSN teve baixa de 3,13%, e a Estácio Participações caíram 2,63%.

A Metalúrgica Gerdau subiu 2,54%. A EcoRodovias se valorizou 2,40%, e a Usiminas subiu 2,04%.

A valorização dos preços do petróleo ajudou a impulsionar os papéis da Petrobras. As ações mais negociadas subiram 0,29%, para R$ 17,30. As ações ordinárias avançaram 0,77%, para R$ 18,36.

As ordinárias da Vale subiram 0,58%, para R$ 43,55.

No setor financeiro, as ações do Itaú Unibanco caíram 0,09%. Os papéis preferenciais e ordinárias do Bradesco fecharam estáveis. O Banco do Brasil teve alta de 0,23%, e as units -conjunto de ações- do Santander Brasil tiveram perda de 0,49%.

DÓLAR

No mercado cambial, o dólar acompanhou o exterior. A moeda americana perdeu força ante 26 das 31 principais divisas mundiais.

O CDS (Credit Default Swap, espécie de seguro contra calote) do Brasil fechou em queda de 0,63%, para 145,5 pontos.

No mercado de juros futuros, os contratos mais negociados subiram. O contrato para abril de 2018 teve alta de 6,756% para 6,763%. O contrato para janeiro de 2019 avançou de 6,890% para 6,925%.

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