Mercado Livre terá linha de capital de giro para vendedores na plataforma

Crédito: Divulgação/Mercado Livre Mercado Livre Brasil
Mercado Livre oferecerá linha de capital de giro para vendedores da plataforma

DANIELLE BRANT
DE SÃO PAULO

O Mercado Livre anunciou nesta terça-feira (30) que vai entrar no mercado de crédito com a oferta de capital de giro aos vendedores da plataforma.

O objetivo é ocupar uma lacuna deixada pelos grandes bancos, que, durante a crise, restringiram os empréstimos para micro e pequenas empresas.

O piloto do projeto, chamado Mercado Crédito, foi lançado há seis meses no Brasil. Segundo Martín de Los Santos, vice-presidente sênior de Mercado Crédito na América Latina, a empresa fez uma pesquisa antes de tomar a decisão de entrar neste segmento.

"Vimos que 65% dos nossos vendedores no Mercado Livre e no Mercado Pago têm necessidade de financiamento para seus negócios. Mas somente 31% deles têm acesso a crédito no setor financeiro tradicional no Brasil. É esse gargalo que queremos fechar com o Mercado Crédito", diz.

Inicialmente, serão concedidos de R$ 5.000 a R$ 350 mil em capital de giro, que poderão ser pagos em até 12 meses. O dinheiro emprestado poderá ser usado para comprar mercadorias, pagar fornecedores ou melhorar sua gestão de dívida, trocando um crédito mais caro por um mais barato.

Os empréstimos por usuário, pré-aprovados, serão limitados a dois meses de vendas, em um valor médio calculado pela empresa em R$ 30 mil. A taxa de juros começa em 2,25% e vai até 5,5% ao mês. A média é estimada em 3,1%.

O crédito será oferecido em parceria com duas instituições, o Banco Topázio e a financeira Money Plus.

O dinheiro será debitado automaticamente da conta do vendedor no Mercado Livre. Se o saldo estiver negativo, ele poderá pagar o empréstimo com boleto bancário. A concessão inicialmente estará limitada a usuários com pelo menos seis meses de histórico mapeado no Mercado Livre.

Histórico de transações, comportamento na plataforma, volume de vendas e outras 400 variáveis estão entre os fatores que usados na avaliação de crédito do vendedor. Segundo Martín de Los Santos, vice-presidente sênior de Mercado Crédito na América Latina, não há preocupação com que o dinheiro seja usado como empréstimo pessoal, em vez de no negócio. A empresa também não restringirá crédito para usuários com nome sujo.

A concorrência com os bancos não é motivo de preocupação para a empresa, afirma Tulio Oliveira, diretor de Mercado Pago no Brasil. "A competição, para a gente, é muito saudável, e ajuda a educar esse público. A gente enxerga uma competição muito positiva. Enxergamos um mercado muito pouco desenvolvido para este segmento. Outros players entrando neste segmento ajudarão a crescer o negócio como um todo."

"É um posicionamento nosso, um produto nosso para servir melhor os nossos clientes e o ecossistema como um todo, para que eles sigam investindo em seus negócios e façam com que o ecossistema como um todo cresça mais", diz. A carteira de crédito da empresa é de R$ 170 milhões.

O objetivo é alcançar 400 mil usuários em um ano e meio, em Brasil, México e Argentina. A empresa pensa, no futuro, em oferecer empréstimo para compradores e outras pessoas físicas, em piloto previsto para ser lançado neste ano ainda.

O Mercado Crédito foi lançado em maio de 2017 na Argentina e há dois meses no México. A empresa diz que sete em cada dez usuários que contratam o crédito renovam o empréstimo após finalizar o pagamento anterior.

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