Credores da Americanas, financiamentos do BNDES no exterior, cibercrimes e o que importa no mercado

Leia edição da newsletter FolhaMercado desta quinta-feira (26)

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Esta é a edição da newsletter FolhaMercado desta quinta-feira (26). Quer recebê-la de segunda a sexta, às 7h, no seu email? Inscreva-se abaixo:


Os credores da Americanas

A Americanas entregou nesta quarta (25) sua lista de credores à Justiça, com 7.967 nomes e débitos no valor de R$ 41,2 bilhões.

Em números: do total, R$ 41 bilhões são devidos à classe quirografários (crédito sem garantia), R$ 109,5 milhões à classe de microempresas e empresas de pequeno porte, e R$ 64,8 milhões à classe trabalhista.

  • Veja abaixo os maiores credores da companhia.

Bancos vão atrás dos bilionários: a relação entre as instituições credoras da varejista e o trio Lemann, Telles e Sicupira, acionistas de referência da companhia, fica cada dia mais tensa.

  • Na visão dessas instituições, isso abriria caminho para que os bilionários –e ex-administradores– paguem as dívidas da Americanas do próprio bolso.

Em um processo de recuperação judicial, os débitos de uma companhia costumam ter um grande desconto, alternativa rejeitada pelos bancos, que têm reiterado que uma fraude levou a empresa a essa situação.

  • Outro lado: em comunicado, os sócios afirmam desconhecimento sobre as falhas contábeis. Disseram-se vítimas, como os demais acionistas da empresa, e se comprometeram com o processo de recuperação da companhia.

Nesta quinta, o BTG conseguiu manter bloqueado R$ 1,2 bilhão da Americanas, até que seja definida a competência –na arbitragem ou RJ– para analisar a questão na Justiça.



Os principais credores da Americanas:

Bancos: a instituição apontada como maior credora, com débitos de R$ 5,2 bilhões, é o Deutsche Bank, mas o banco é apenas um custodiante de títulos de dívida da Americanas detidos por investidores no exterior.

  • Na sequência, vêm Bradesco (R$ 4,5 bilhões), Santander Brasil (R$ 3,6 bilhões), BTG Pactual (R$ 3,5 bilhões), Itaú Unibanco (R$ 2,7 bilhões), Safra (R$ 2,5 bilhões) e Banco do Brasil (R$ 1,36 bilhão).
  • O BV (Votorantim) também é citado na lista, com dívidas de R$ 3,3 bilhões, mas a instituição disse que a exposição é bem menor, com crédito de R$ 206 milhões.

Dos 20 maiores credores da Americanas, só 3 não são do setor financeiro: Samsung (R$ 1,2 bilhão), Nestlé Brasil (R$ 259,3 milhões), e Philco Eletrônicos (R$ 197,3 milhões).

Opinião: Tomar dinheiro de acionistas é só uma batalha na guerra da Americanas, escreve Vinicius Torres Freire.


BNDES e os financiamentos no exterior

A declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de que o BNDES poderia voltar a financiar projetos brasileiros no exterior retomou o debate acerca dos empréstimos –e calotes sofridos– pelo banco de fomento a países aliados em gestões antigas do PT.

Entenda: os empréstimos no centro da polêmica são os da política classificada pelo banco como exportação de bens e serviços brasileiros de engenharia.

  • Pela iniciativa, os recursos eram destinados a companhias brasileiras, em reais, e os países importadores assumiam as dívidas. O pagamento deveria ser feito com juros, em dólar ou euro.
  • Quando há inadimplência, o BNDES aciona a estrutura de garantias que permite o ressarcimento via FGE (Fundo de Garantia à Exportação), alimentado com recursos do Tesouro Nacional –ou seja, do contribuinte.

Em números: o BNDES desembolsou cerca de US$ 10,5 bilhões entre 1998 e 2017 para a realização de projetos em 15 países. A maior parte, 88% do total, foi de 2007 a 2015.

  • Até setembro do ano passado, o banco havia recebido de volta US$ 12,8 bilhões, entre parcela principal dos empréstimos e juros.

E a inadimplência? Somados, três países acumulavam US$ 1 bilhão em calotes (dados de setembro):

  • A Venezuela tinha cerca de US$ 682 milhões em atraso, com US$ 641 milhões indenizados pelo FGE.
  • Cuba registrava cerca de US$ 227 milhões em inadimplência. Desses, US$ 41 milhões não haviam sido indenizados.
  • Moçambique tinha US$ 122 milhões em atraso e já indenizados pelo fundo do Tesouro.

Hoje, essa operação está suspensa pelo BNDES. O banco afirmou que não tem demanda ou previsão de financiar serviços de infraestrutura no exterior, ressaltando que os atuais esforços são no sentido de alavancar especificamente a exportação de produtos e bens.

Opinião: Lula acertou sobre o BNDES, apesar de ter errado, escreve o colunista Rodrigo Tavares.


Bolsa na máxima e dólar na mínima de 2023

Impulsionados pela enxurrada de dinheiro gringo, a Bolsa fechou esta quarta na máxima do ano e o dólar na mínima desde novembro de 2022.

Em números: o Ibovespa subiu 1,10%, a 114.270 pontos, enquanto o dólar fechou em baixa de 1,22%, a R$ 5,079.

O que explica:

  • Fed: o banco central americano se reúne para decidir a taxa de juros na próxima semana, e a expectativa do mercado é de uma nova queda no ritmo de aperto monetário. O cenário tira força do dólar e beneficia ativos considerados mais arriscados.
  • Bolsa brasileira "barata": os ativos daqui também se beneficiam de uma expectativa pela queda da Selic neste ano e de um melhor desempenho da economia chinesa, que deve valorizar as commodities.

Mais sobre empresas da Bolsa:

A Tesla divulgou seus resultados fechados de 2022, com lucro de US$ 3,7 bilhões no último trimestre e US$ 12,6 bilhões no ano, ante US$ 5,5 bi em 2021. As ações subiram 5% no pós-mercado.

  • O CEO Elon Musk disse que a estratégia da companhia de reduzir o preço dos seus carros tem surtido efeito e que a demanda está quase duas vezes superior ao ritmo de produção.

Cibercriminosos ficam mais seletivos

Em 2022, os cibercriminosos passaram a ser mais seletivos e priorizaram ataques com maior potencial de retorno, como empresas e entidades governamentais de países em desenvolvimento.

  • Outro motivo é a preparação das empresas para se defender do ramsonware, roubo de dados que disparou durante a digitalização forçada pela pandemia.
  • Considerado como um dos cibercrimes mais rentáveis, ele se caracteriza pelo bloqueio de sistemas e a posterior cobrança de um resgate.

No Brasil, os criminosos aproveitaram para mirar o protagonismo em fraudes bancárias além das terras nacionais.

  • Um dos grupos mais especializados nessa frente é o Prillex, que está por trás do golpe da compra fantasma, aquele que desvia o dinheiro da compra sem que a loja e o cliente percebam.

Ataques no metaverso: entre especialistas de segurança da informação lá fora, as ameaças mais prováveis em ambientes de metaverso envolvem cibercrimes mais usuais, como phishing e ransomware, mas também outros específicos.

  • É o caso da personificação de outras pessoas ao clonar sua voz e outras características em avatares e de ataques que colocam uma "pessoa invisível" escutando conversa, também chamados de "pessoa na sala".
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.