Trio de bilionários fala sobre Americanas, demissões chegam ao Google e o que importa no mercado

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Trio fala pela 1ª vez

Em sua primeira manifestação pública desde que estourou o escândalo contábil da Americanas, o trio de bilionários que é acionista de referência da companhia disse que nunca teve conhecimento nem admitiria quaisquer manobras ou dissimulações contábeis na empresa.

Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, que possuem 31% da empresa, têm sido pressionados desde o começo da crise pelos credores para que coloquem pelo menos R$ 15 bilhões para tirar a companhia do sufoco, mas eles acenaram com uma quantia de cerca de R$ 6 bilhões.

Na nota, antecipada pelo site Brazil Journal, os acionistas dizem que a Americanas foi administrada por executivos considerados qualificados e de reputação ilibada nos últimos 20 anos, e que contava com uma das maiores e mais conceituadas empresas de auditoria independente do mundo, a PwC.

  • Eles afirmam que, como acionistas, também foram "alcançados por prejuízos". Leia aqui o documento na íntegra.

Quem são eles: Lemann, Telles e Sicupira trabalham juntos desde a década de 70, quando se conheceram no Banco Garantia e fizeram parte da criação do mercado financeiro no Brasil.

Por sua empreitada no 3G, fundo pelo qual se tornaram acionistas relevantes da AB Inbev, maior cervejaria do mundo, da gigante de alimentos Kraft Heinz e da Americanas, eles se tornaram o trio de investidores brasileiros mais respeitado e admirado pelo mercado –visão que foi abalada pelo escândalo na Americanas.

A crise para os minoritários: o administrador de empresas André Krizak relatou à Folha que investiu boa parte das suas economias –"mais de R$ 40 mil"– em ações da Americanas no dia 11 de janeiro, horas antes das "inconsistências" virem à tona.

  • Entre a data da compra até hoje, ele perdeu R$ 65 mil nos papéis. "Me senti fraudado", disse Krizak. "Comprei a ação por R$ 12 e agora ela vale menos de R$ 1, preço de bala".

E no dia a dia? Em uma tentativa de acalmar os clientes, a Americanas afirmou que suas operações não foram afetadas, que as vendas seguem normais também em seus sites e que os valores estão sendo repassados aos "sellers" –vendedores terceiros.

Opinião: Ações de empresas em recuperação judicial viram "papéis de eventos", escreve o colunista Marcos de Vasconcellos.


RendA+: o novo título do Tesouro

Um novo título do Tesouro será liberado aos investidores a partir do dia 30 deste mês. Trata-se do RendA+, voltado para quem deseja poupar para a aposentadoria.

Entenda: a ideia é que o investidor aplique os recursos durante certo período e, depois, receba um valor mensal por 20 anos. O produto será atrelado à inflação mais uma taxa de juros real, conhecida no momento do investimento.

  • A oferta inicial prevê oito opções de data de conversão (quando a pessoa começa a receber a renda dos investimentos): 2030, 2035, 2040, 2045, 2050, 2055, 2060 e 2065.
  • Entre as atratividades, estão o baixo custo de administração do título e a possibilidade de pagamento via Pix, além do valor mínimo de R$ 30 para aplicação.
  • Para os especialistas ouvidos pela Folha, o período curto de rendimentos recebidos –20 anos– na comparação com as opções da previdência privada –que podem chegar à renda vitalícia– tiram parte da atratividade do investimento.

Mais sobre investimentos em renda fixa...

  • Já ouviu falar de FIDCs? Os fundos de direitos creditórios aplicam em recebíveis de empresas (veja um exemplo aqui). Antes restritos aos investidores profissionais e qualificados, eles serão liberados para o público em geral em abril.

...e em renda variável


Startup da Semana: Parfin

O quadro traz às segundas o raio-x de uma startup que recebeu aporte recentemente.

A startup: fundada em 2019, no Rio, ela também tem escritório em Londres e fornece infraestrutura de web3 para empresas.

Em números: a Parfin anunciou na última semana ter recebido um aporte de US$ 15 milhões (R$ 78 milhões) em uma rodada seed (entenda aqui as etapas de investimento em startups).

Quem investiu: o aporte foi liderado pelo Framework Ventures, fundo do Vale do Silício, em San Francisco (EUA), focado no mercado de ativos digitais. L4 Venture Builder, veículo de investimentos da B3, Valor Capital Group e Alexia Ventures também participaram da rodada.

Que problema resolve? A startup fornece três alternativas para ajudar as empresas a se inserirem no mundo dos ativos digitais:

  • Um serviço para bancos e corretoras oferecerem em suas plataformas opção de transação de criptomoedas;
  • Uma solução de custódia para esses ativos, para que eles fiquem separados dos balanços das corretoras ou bancos;
  • Um terminal para facilitar a gestão e a transação de ativos digitais para fundos que operam nesse mercado.

Por que é destaque: o volume captado pela Parfin, além de ter sido um dos maiores anunciados por startups na última semana, chama a atenção por ser em uma rodada seed, em que os aportes costumam ser menores –ainda mais no cenário atual.

  • Como comparação, a média dos investimentos em rodadas seed anunciados por startups brasileiras no ano passado foi de US$ 2 milhões, segundo dados da plataforma SlingHub.


A semana em resumo

Foram quatro aportes anunciados por startups latino-americanas na última semana, com US$ 143 milhões (R$ 743 milhões) captados.

Os dados foram fornecidos pela plataforma Sling Hub.


Demissões na dona do Google

Meta, Microsoft, Amazon...e Alphabet. A controladora do Google é a mais nova big tech a anunciar uma demissão em massa, que atingirá 12 mil funcionários, anunciou a companhia na sexta (20).

As perdas de empregos da Alphabet afetam equipes em toda a empresa, incluindo recrutamento e funções corporativas, bem como equipes de engenharia e produtos. As demissões são a nível global.

Entre as FAANG, sigla conhecida por reunir algumas das mais relevantes big techs (Facebook, Apple, Amazon, Netflix e Google), apenas a Apple não anunciou uma leva de demissões na atual crise do setor.

  • As ações da companhia também são as que menos recuaram desde o começo do ano passado, acompanhando uma demanda resiliente dos consumidores por seus produtos, em especial o iPhone.

Choque de gerações: se para muitos dos millenials e da geração Z que trabalham em tecnologia este corte pode representar a primeira demissão de suas vidas, aqueles da geração "baby boom" e da geração X, nascidos entre 1946 e 1980, tratam como mais uma crise do setor.

  • Eles estavam no mercado de trabalho durante o crash das pontocom na virada do milênio, que acabou com 1 milhão de postos de trabalho. De 2001 a 2005, o setor de tecnologia demitiu um quarto dos trabalhadores.
  • A visão dos baby boomers sobre a onda atual ser uma espécie de "marolinha" encontra eco nos especialistas, para quem os atuais cortes, por enquanto, ainda representam uma reversão da explosão de contratações no período pós-pandemia.
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