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França afirma que situação de combustíveis é "perfeita"; Sarkozy diz que "pior já passou"
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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
Um dia após o Senado da França ter aprovado a polêmica reforma previdenciária que motiva grandes greves e violentos protestos, o ministro dos Transportes francês, Dominique Bussereau, afirmou que a situação de abastecimento de combustíveis no país está em "perfeitas" condições e que não há razão pela qual os franceses devem procurar postos em países vizinhos.
Veja imagens dos protestos na França
Governo francês diz que normalizar abastecimento levará vários dias
Sarkozy reitera que fará reforma da aposentadoria e ordena liberação de refinarias
O anúncio chega no primeiro dia das férias escolares no país, quando milhares de famílias devem viajar pelas rodovias francesas, e somente dias depois de a França ter vivido uma crise no setor após trabalhadores das refinarias terem interrompido o fornecimento de combustível aos postos.
Os postos localizados nas rodovias receberão combustível com prioridade, disse o ministro à rádio Europe 1.
O anúncio do governo busca tranquilizar a população apesar da manutenção das greves no setor petroleiro.
Já o tráfego ferroviário sofreu melhoras neste sábado, com ao menos oito entre cada dez trens de alta velocidade (TGV) funcionando no país. As conexões internacionais também estão quase em seu nível normal.
Mesmo assim o estado de tensão continua no país, e o fim de semana deve registrar novos protestos após a aprovação da polêmica lei no Senado ainda na sexta-feira (22).
PIOR JÁ PASSOU
O presidente francês Nicolas Sarkozy disse durante o encontro da Organização Internacional da Francofonia (OIF), na cidade de Montreux, na Suíça, que o "pior já passou", em alusão às medidas de austeridade que seu governo teve que adotar após a crise financeira mundial.
"Durante os dois últimos anos tomamos decisões rápidas e urgentes porque não tínhamos outra opção. Hoje, seria um grave erro pensar que os problemas já estão solucionados. Não podemos parar o ritmo das reformas", disse.
Neste fim de semana, 40 chefes de Estado e de Governo de países da OIF se reúnem na Suíça.
APROVAÇÃO NO SENADO
O Senado francês aprovou em votação final na sexta-feira a controversa reforma previdenciária que causou uma série de greves e protestos em toda a França.
Os senadores aprovaram por 177 votos a favor e 153 contra a reforma que eleva de 60 para 62 anos a idade mínima de aposentadoria, depois que o governo usou uma medida especial para acelerar o processo de votação.
O projeto ainda precisa que uma comissão parlamentar mista aprove as mudanças do texto original, antes que o conselho constitucional, a maior autoridade constitucional da França, dê a aprovação final.
A reforma do sistema de aposentadorias na França, que é alvo de uma grande rejeição nas ruas, baseia-se no aumento da idade mínima para ter direito a se aposentar e para receber uma pensão integral, medidas adotadas por outros países europeus. A idade mínima passará de 60 para 62 anos a partir de 2018.
Os anos de contribuição para receber a aposentadoria integral passarão de 40,5 a 41 em 2012 e 41,3 em 2013. A reforma eleva também de 65 a 67 anos a idade para receber a aposentadoria integral.
Segundo o governo conservador liderado por Nicolas Sarkozy, essas medidas são indispensáveis para preservar o sistema de aposentadorias vigente, segundo o qual as pessoas ativas financiam as pensões.
Ele considera que a expectativa de vida cada vez maior obriga as pessoas a trabalhar por mais tempo.
O executivo justifica igualmente esta reforma na necessidade de financiamento de um sistema amplamente deficitário, que em 2018 precisará de 44 bilhões de euros (US$ 61 bilhões).
AUMENTO DE IMPOSTOS
A maior parte da reforma será financiada com as medidas de aumento da idade de aposentadoria, e o resto virá de um aumento de impostos sobre os rendimentos e impostos sobre determinados produtos financeiros que subirão para 5 bilhões de euros anuais.
Os sindicatos e a oposição de esquerda consideram que esta reforma é "injusta", já que a parte mais pesada dos encargos financeiros das futuras aposentadorias recai nos mais pobres.
GREVES
Às greves, que ocorreram primeiro nos transportes --em particular no ferroviário-- na administração pública e na educação, somou-se o setor petroleiro --refinarias e depósitos de combustíveis-- provocando escassez de combustível nos postos de abastecimento.
Cerca de 20% dos 12.300 postos de gasolina da França estavam nesta sexta-feira sem combustível, com consequências para o varejo, petroquímica, construção e turismo
O governo acelerou a aprovação da reforma no Parlamento e ao mesmo tempo recorreu às forças de ordem para liberar os depósitos de combustível bloqueados por manifestantes.
Nesta sexta-feira, seguiam bloqueados 14 dos 219 de todo o país.
Com a reforma do sistema de aposentadorias vigente desde 1983, durante a presidência do socialista Francois Mitterrand, a França se aproxima de seus vizinhos europeus, ainda que os especialistas considerem que essa, no entanto, é a mais dura.
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