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Economia dos solteiros gira R$ 419 bilhões por ano
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CAMILA FUSCO
NATÁLIA PAIVA
DE SÃO PAULO
Em maré contrária à máxima "é impossível ser feliz sozinho", os solteiros brasileiros nunca estiveram tão dispostos a adiar o casamento para investir em áreas que tragam realização pessoal.
De viagens a imóveis, de entretenimento a cursos de especialização, essas 47,1 milhões de pessoas já movimentam por ano R$ 418,7 bilhões e representam uma das fatias de mercado mais atrativas para empresas de bens de consumo e serviços.
"Foi-se o tempo em que ser solteiro era sinônimo de solidão. Essa parcela da população já descobriu os prazeres de investir em si mesmos", diz Renato Meirelles, sócio da consultoria Data Popular, que produziu o estudo.
Quase 70% dos solteiros brasileiros têm até 35 anos. Nas classes AB, 77% têm até essa idade. Aos 35, os solteiros da classe A têm renda individual média de R$ 4.161 e destinam boa fatia do orçamento a entretenimento, viagens e tecnologia.
É o caso de Fabricio Trevisan, 29, executivo da área de comunicação e baterista de rock, que todo ano faz quatro viagens longas por lazer. Cerca de 30% da renda vai para academia, balada, jantares, viagens, roupas e gadgets.
"Balada para solteiro é um item de sobrevivência. Estou comprando um imóvel agora, mas, sem família para sustentar, dá para consumir outras coisas também", diz.
Hoje, 40% dos ganhos do executivo --que mora com um irmão-- vão para a compra de um apartamento no centro de São Paulo.
Consumidores com o padrão de vida de Trevisan são o alvo de muitas empresas, como as construtoras.
Segundo José Augusto Viana Neto, do Creci-SP, os solteiros de alta renda preferem apartamentos de até dois quartos em regiões centrais, nos Jardins, na Vila Nova Conceição e no Morumbi.
ESTABILIDADE
"A estabilidade da economia e dos empregos deu a esse público mais condição para investir em apartamentos de R$ 280 mil a R$ 600 mil."
Para atingir o público, construtoras apostam em redes sociais e anúncio em tablets.
Para Alessandro Vedrossi, da Brookfield, o fato de haver mais gente solteira morando com os pais reflete mais uma "necessidade" do que uma "opção". "Esse cenário está mudando."
Além de adaptar o tamanho e o valor médio, a ideia é agregar serviços.
"Em vez de pensar em espaços voltados para a família, a gente está fazendo, em alguns empreendimentos, um salão de festas na cobertura, com piscina e acesso 24 horas. Pode ter uma balada até as 5h que não vai ter vizinho incomodando."
Hoje, 15% do total de suas vendas já são para solteiros.
SEM SE ADAPTAR
Apesar do potencial de gastos, boa parte das empresas ainda não está preparada para atender a esse público.
A indústria de alimentos, por exemplo, costuma associar o solteiro ao morador solitário e se limita a oferecer produtos em embalagem menor. Mas apenas 8% do total, ou 3,1 milhões, moram só.
"O desafio é descobrir os valores que movimentam a vida desse consumidor", diz Fabio Borges, especialista em consumo da ESPM.
"As empresas não estão aproveitando tanto, falta visão segmentada. Alguns crescem na inércia, como turismo e entretenimento. Mas não estão criando nada para se comunicar com eles", diz Bruno Maletta, do instituto de pesquisa Sophiamind.
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