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Bovespa cede 1,7% no fechamento e recua para níveis de 2010
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EPAMINONDAS NETO
DE SÃO PAULO
Atualizado às 17h48.
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) retrocedeu para o seu patamar de preços desde maio de 2010, num cenário em que investidores viram fortes motivos para ficar "na defensiva" na rodada de negócios desta quarta-feira.
Primeiro, permanece a expectativa pelo desenlace do imbróglio americano em torno da dívida federal.
A queda de braço entre republicanos e democratas em torno dos ajustes fiscais necessários para domar os rombos das contas públicas gerou bastante brilho mas nenhum calor: analistas aguardam a "solução de último minuto" que vai evitar que a maior economia do planeta caia em "default" (suspensão de pagamentos), o que, na visão de muitos economistas, teria consequências dramáticas para a economia global.
Em segundo lugar, muitos citaram as novas medidas do governo para conter a desvalorização da taxas de câmbio. Muitos julgaram a medida provisória baixada hoje como uma forma do governo aumentar seu grau de intervenção no mercado, algo que nunca é bem visto por analistas e investidores.
"O 'susto' de hoje não foi pelo anúncio das medidas, que já eram esperadas. O 'susto' de verdade foi pelo aumento do grau de intervenção do governo no mercado, mexendo em regras que já funcionavam muito bem", diz João Ferreira, diretor da corretora Futura.
Nesse ambiente, o índice Ibovespa, que reflete os valores das ações mais negociadas, ficou no "campo negativo" durante todo o pregão e retrocedeu 1,77% no fechamento, batendo os 58.288 pontos.
Trata-se do patamar de preços mais baixo já registrado neste ano. Pela série histórica, também é o menor desde 9 de setembro de 2009. No exterior, não foi diferente: as Bolsas europeias registraram quedas entre 1,2% (Londres) e 1,4% (Paris). Nos EUA, a Bolsa de Nova York caiu 1,6%.
O dólar comercial avançou 1,3% e atingiu R$ 1,557, após oscilar entre R$ 1,570 e R$ 1,553.
E não passou despercebido o giro financeiro mais robusto da Bovespa registrado hoje: R$ 6,5 bilhões, bem acima dos R$ 4 bilhões ou R$ 5 bilhões vistos nos pregões anteriores. "Esse volume é um sinal claro de que a pressão vendedora está forte na Bolsa", comenta Marco Aurélio Etchegoyen, da mesa de operações da corretora Diferencial.
O noticiário internacional, mais uma vez, foi fonte de apreensão para os frequentadores da Bolsa.
O notório "Livro Bege", relatório fundamental do banco central americano sobre as condições da economia, mostrou que o ritmo de crescimento desacelerou nos últimos meses.
A notícia é pouco motivadora, justamente num cenário em que as agências de "rating" chegam a questionar a saúde financeira do país mais rico do planeta.
Foi justamente uma agência de "rating" (nota de risco de crédito) que divulgou a outra notícia negativa do dia: a Standard Poor's rebaixou a "nota" grega, seguindo o exemplo das rivais Fitch e Moody's. Agora, o "rating" do país mediterrâneo está ainda mais perto da mais baixa qualificação possível na escala dessas agências.
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