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10/01/2012 - 13h25

Oposição diz que discurso de Assad é incitação à guerra civil

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DE SÃO PAULO
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Opositores do regime sírio que pedem a saída de Bashar Assad consideraram uma incitação à violência e à guerra civil o discurso do ditador realizado nesta terça-feira e transmitido ao vivo pela emissora de TV estatal do país.

O ditador defendeu que não há divisão interna na Síria, apesar de, segundo ele, haver grupos militantes terroristas tentando desestabilizar sua autoridade, e colocou a segurança nacional como prioridade de seu regime. Assad garantiu que não houve ordens para qualquer membros de suas forças atirarem em cidadãos.

Para o CNS (Conselho Nacional Sírio), grupo que reúne a maioria da oposição a Assad, "há uma incitação à violência, uma incitação à guerra civil" no discurso.

"Também há palavras sobre a divisão religiosa que o próprio regime fomentou e estimulou", declarou em uma entrevista coletiva em Istambul Basma Qodmani, integrante do CNS. "Isto indica que o regime segue para um comportamento ainda mais criminoso e irresponsável".

Segundo Assad, forças externas tentam desestabilizar o país, e está claro para todos a conspiração que existe contra seu regime. "Interesses regionais e internacionais que estão tentando desestabilizar a Síria não podem mais falsificar os fatos e os eventos", reforçou.

Assad garantiu em discurso televisionado pela emissora estatal que não vai deixar o poder, insistindo que ainda possui o apoio popular. "Nós vamos declara vitória em breve", ressaltou. "Quando eu deixar esse posto, isso será baseado na vontade do povo".

ELEIÇÕES

O ditador sírio prometeu que realizará eleições na Síria em maio ou junho deste ano, mas que não sucumbirá "à pressão das forças estrangeiras" que "conspiram" para que ele deixe o poder.

Sana/Associated Press
Em discurso, o ditador Bashar al Assad diz que repremirá 'com mãos de ferro' atos de terrorismo
Em discurso, o ditador Bashar al Assad diz que repremirá 'com mãos de ferro' atos de terrorismo

Segundo ele, uma nova Constituição será proposta no país, e deverá se submeter à avaliação popular por meio de um referendo que acontecerá em março. Depois disso, ele prometeu que ocorrerão eleições parlamentares.

Assad criticou ainda a Liga Árabe, se dizendo surpreso pelo fato de os árabes terem ficado contra a Síria e não ao lado dela. Mas, segundo ele, os membros da organização não tiveram liberdade para decidir isso porque também estão sob pressão.

Foi o primeiro discurso dado pelo ditador desde que concordou no mês passando com um acordo para garantir o fim da violência no país e permitiu que a Liga Árabe enviasse um observadores para avaliar a implementação das medidas pela paz.

Segundo Assad, porém, a Liga Árabe falhou em sua missão ao condenar o regime e dizer que a violência continua e que as forças militares seguem desdobradas nas cidades, em descumprimento ao plano árabe para acabar com a crise.

A Liga Árabe enviou em 26 de dezembro cerca de cem observadores para verificar o cumprimento de um plano de paz para o país. O acordo propõe o fim de todos os conflitos, a retirada de soldados das ruas e a libertação de prisioneiros políticos.

REVOLTAS

Apesar das promessas de Assad de que vai parar a violência, pelo menos 23 pessoas morreram na Síria nesta terça-feira após mais um dia de repressão feita pelas forças leais ao regime, de acordo com o grupo opositor Comitê de Coordenação Local.

Louai Beshara/France Presse
Sírios assistem a discurso de Bashar Assad na TV dentro de estabelecimento comercial em Damasco
Sírios assistem a discurso de Bashar Assad na TV dentro de estabelecimento comercial em Damasco

Segundo os manifestantes, 13 pessoas morreram na província de Deir el Zur, no leste do país. As outras vítimas foram registradas nas províncias de Homs (dez) e Hama (uma), no centro, e Qamishly (uma), no nordeste sírio.

Além disso, onze integrantes da missão de observadores da Liga Árabe enviada à Síria ficaram feridos em ataque perpetuado na cidade portuária de Latakia nesta semana. A agência oficial de notícias do Kuait, a Kuna, acrescentou que mais dois militares kuaitianos, membros da missão, ficaram feridos hoje.

Segundo a Kuna, o primeiro grupo de observadores atacado incluía enviados do Kuait, Emirados Árabes Unidos, Iraque, Marrocos e Argélia.

Desde março do ano passado, o ditador sírio enfrenta manifestações que pedem sua renúncia, influenciadas pela onda de revoltas na região que ficou conhecida como Primavera Árabe. Entre os ditadores que caíram por conta das revoltas estão Hosni Mubarak, no Egito; Ben Ali, na Tunísia; e Muammar Gaddafi, na Líbia.

A ONU calcula em mais de 5.000 pessoas o número de mortes na repressão aos protestos contra Assad, que já duram dez meses. Autoridades sírias dizem que enfrentam grupos terroristas, que já mataram 2.000 membros da polícia e das forças armadas nos dez meses do conflito.

 

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