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10/09/2012 - 21h12

Turquia julga 44 jornalistas simpáticos à causa curda

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DA REUTERS, EM ISTAMBUL

A Justiça da Turquia começou a julgar na segunda-feira 44 jornalistas acusados de ligação com separatistas curdos, no maior processo já realizado contra a imprensa no país, o que gera preocupações com a liberdade de imprensa e de organização política.

Milhares de sindicalistas, políticos, acadêmicos e jornalistas pró-curdos já foram encarcerados desde 2009 pela acusação de serem ligados ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que há 28 anos trava uma campanha contra o governo turco.

"A restrição à imprensa curda (...) gera graves preocupações acerca do tratamento das minorias e da opinião das minorias", disse Emma Sinclair-Webb, pesquisadora de questões turcas na entidade de direitos humanos Human Rights Watch (HRW).

Bulent Kilic/France Presse
Diretora do jornal "Ozgur Gundem", Eren Keskin (centro), participa de manifestação em apoio aos jornalistas presos
Diretora do jornal "Ozgur Gundem", Eren Keskin (centro), participa de manifestação em apoio aos jornalistas presos

VIOLÊNCIA

O julgamento ocorre num momento de agravamento da violência no conflito entre a Turquia e o PKK. Desde junho de 2011, mais de 800 pessoas morreram em confrontos, sendo cerca de 500 combatentes do PKK, 200 agentes do Estado e 85 civis, segundo a entidade International Crisis Group. Desde 1984, quando a rebelião começou, já foram contabilizados mais de 40 mil mortos, a maioria curdos.

Os réus, sujeitos a penas de 7 a 20 anos de prisão, são acusados de filiação à União das Comunidades do Curdistão (KCK), que as autoridades acusam de ser uma ala urbana do PKK, considerado por sua vez um grupo terrorista por parte da Turquia, dos EUA e da União Europeia.

Dos 44 réus, 36 estão detidos desde dezembro. Outros 46 jornalistas estão presos à espera de julgamento por outras acusações, segundo a Plataforma de Solidariedade aos Jornalistas Presos.

Por causa do barulho de parentes e amigos dos réus, os juízes do caso mandaram retirar o público das galerias, e a audiência começou com várias horas de atraso. Depois, os magistrados se recusaram a aceitar depoimentos em curdo, idioma primário da maioria dos réus.

"Usar sua língua materna é como respirar. Seria preciso solicitar permissão para respirar?", disse o réu Yuksel Genc, que leu o único depoimento em turco.

Os processos contra o KCK levam entidades de direitos humanos a questionarem o compromisso do primeiro-ministro Tayyip Erdogan e do seu governo com as liberdades individuais, especialmente devido ao uso disseminado da detenção pré-julgamento.

Alguns partidários do governo argumentam que medidas judiciais legítimas estão sendo usadas contra pessoas suspeitas de ligação ou simpatia com uma guerrilha que tem sua base de apoio no PKK, e que os processos podem ser uma pressão para que os rebeldes curdos se desmilitarizem.

 

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