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20/09/2012 - 17h12

Indianos protestam contra reformas econômicas anunciadas pelo governo

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VICTOR MALLET
DO 'FINANCIAL TIMES'

Partidos de oposição e comerciantes realizaram manifestações e greves em toda a Índia, nesta quinta, em protesto contra reformas econômicas inesperadamente audaciosas reveladas pelo governo de coalizão liderado pelo Partido do Congresso.

Os manifestantes concentraram sua ira no corte do subsídio ao óleo diesel, que resultou em aumento de preços da ordem de 14% na sexta-feira passada, e na decisão de permitir que investidores estrangeiros detenham participações majoritárias em supermercados e lojas de departamentos.

No entanto, o apelo dos nacionalistas hinduístas do partido Bharatiya Janata (BJP) e outras agremiações por uma paralisação nacional (conhecida como bandh) não conquistou sucesso claro.

Mumbai, a capital comercial da Índia, praticamente não sofreu efeitos, e a maioria das lojas e companhias de serviços em Nova Déli estavam funcionando normalmente. Mas os manifestantes conseguiram prejudicar os serviços ferroviários em cidades como Patna e Allahabad, no norte da Índia. Os mercados e lojas de muitas cidades ficaram fechados.

Mahesh Kumar A./Associated Press
Policiais indianos detem manifestante durante protesto contra reforma econômica anunciada pelo governo em Hyderabad
Policiais indianos detem manifestante durante protesto contra reforma econômica do governo em Hyderabad

A Confederação da Indústria Indiana (CII) informou que a bandh havia causado perturbações nos negócios e comércio de muitas partes do país. A organização estimou prejuízo econômico total de US$ 2,3 bilhões, mas instou o governo a não ceder às pressões políticas ou recuar quanto às reformas.

A CII, presidida pelo bilionário empresário Adi Godrej, disse esperar que as decisões "sejam o começo de uma série de medidas de que a economia precisa".

As reformas instigadas na semana passada pelo primeiro-ministro Manmohan Singh e pelo ministro das Finanças Palaniappan Chidambaram foram bem recebidas por investidores indianos e estrangeiros, que disseram que medidas de corte de orçamento e para a restauração do crescimento, por meio do corte de subsídios e promoção do investimento, já deveriam ter sido tomadas.

Mas esquerdistas dentro e fora do Partido do Congresso, entre os quais alguns aliados de Singh em sua coalizão pluripartidária, se opõem à liberalização da economia e em alguns casos veem a reforma do varejo como complô capitalista coordenado pela Walmart, a maior rede mundial de varejos.

"A tragédia é que nosso primeiro-ministro começou a cultuar os Estados Unidos", disse Sitaram Yechury, líder do Partido Comunista da Índia, uma organização marxista de oposição. "O Partido do Congresso quer que os indianos sejam escravos e que os estrangeiros sejam nossos senhores. Não aceitaremos investimento estrangeiro direto no varejo. Protestaremos contra essa decisão até a morte".

Na ala direita do espectro político, líderes do BJP --que conta com o apoio de pequenos comerciantes que temem a concorrência de grandes grupos de varejo-- percebem uma oportunidade de desestabilizar o governo antes do final de seu mandato, em 2014, e não hesitam em buscar esse objetivo por meio de alianças de curto prazo com a esquerda linha dura.
"Esse é apenas o começo. Nossa luta continuará até que a decisão [sobre o varejo] seja revertida", disse Nitin Gadkari, presidente do BJP.

Babu/Reuters
Manifestantes do Partido Comunista Índia Marxista (CPI-M) bloqueiam a passagem de trem durante protesto em Chennai
Manifestantes do Partido Comunista Índia Marxista (CPI-M) bloqueiam a passagem de trem em Chennai

As controvertidas reformas, entre as quais privatizações parciais de companhias estatais e a abertura do setor de aviação a investimentos minoritários estrangeiros, geraram uma renovação da disputa de poder entre os partidos regionais indianos.

Mamata Banerjee, a poderosa ministra-chefe do Estado de Bengala Ocidental e presidente do Partido do Congresso Trinamool, ameaçou deixar a coalizão governante, o que privaria o governo de Singh de uma maioria estável no Legislativo, já que o grupo de Banerjee controla 19 assentos.

Ela exige que a liberalização do varejo seja abandonada e que os cortes nos subsídios ao diesel e ao gás de cozinha sejam parcialmente revertidos, mas se recusou a apoiar as greves e protestos de ontem.

Os líderes do Partido do Congresso insistem em que manterão a substância das reformas mas não descartaram pequenas concessões que mantenham Banerjee na coalizão ou atraiam aliados legislativos de outros partidos.

"As reformas são para as pessoas comuns, e ninguém mais", disse Salman Kurshid, ministro federal da Justiça indiano, a jornalistas. "Temos o apoio de número suficiente de legisladores e partidos amigos, tanto de dentro quanto de fora da coalizão".

Tradução de Paulo Migliacci

 

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