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Capriles reúne multidão e diz que é Davi que vencerá Golias
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FLÁVIA MARREIRO
DA ENVIADA ESPECIAL A CARACAS
O candidato da oposição à Presidência da Venezuela, Henrique Capriles, encerrou a campanha nesta quinta-feira em Barquisimeto, no Estado de Lara, reunindo centenas de milhares de apoiadores e se dizendo o Davi que vencerá o gigante Golias na votação de domingo.
"Isso para mim sempre foi uma luta espiritual. Na luta de Davi contra Golias ganhou Davi. Aqui está Davi", disse o opositor, que concorre pela coalizão MUD (Mesa da Unidade), mas concentrou decisões da frenética campanha que percorreu mais de 200 cidades em seu centro-direitista Primeiro Justiça.
A multidão gritava "Hugo Chávez Frías, lhe restam três dias!"
Como em toda campanha, Capriles fez aceno aos chavistas - pedindo a confiança dos venezuelanos que pensam diferente. Mas, dessa vez, citou Chávez pelo nome.
"O que o senhor tiver feito bem, o povo lhe agradece. Mas nenhum presidente pode ser dono das conquistas dos venezuelanos", disse.
"Quero dizer ao presidente Chávez --o seu ciclo termina. Agradeço-lhe infinitamente no meu coração porque o senhor me fez ver nessa campanha qual o caminho que se deve seguir, que é do amor, e não do ódio, que é da luz e não das trevas", seguiu.
O ato coroou a aproximação de Capriles, que se diz progressista e fã do modelo brasileiro que combina incentivo ao investimento privado com gasto social, com o popular governador de Lara, Henri Falcón, que rompeu com o chavismo em 2010.
"Que a Venezuela e o mundo saibam que essa avenida ficou pequena para receber Capriles Radonski", disse Falcón.
Tudo indica que, num caso de vitória da oposição, Falcón seria nomeado vice-presidente executivo --cargo não vai na chapa e é de livre escolha do presidente.
A movimentação mostra a clara intenção de Capriles e do Primeiro Justiça de se descolar cada vez mais de seus desafetos dentro da MUD, principalmente a diligência do tradicional partido social-democrata do país, AD (Ação Democrática).
Efe/AFP | ||
Megacomícios de Hugo Chávez (à esq.) e de Henrique Capriles, nesta quinta; candidatos levam milhares às ruas |
EVOLUÇÃO
O ex-governador de Miranda se tornou mais assertivo ao longo da campanha, afinando as críticas às falhas nos serviços públicos, elencando promessas não cumpridas e atacando os projetos e doações de Chávez no estrangeiro.
Tudo embalado num discurso contra a polarização sob o lema "há um caminho" para um genérico "progresso", criação dos marqueteiros brasileiros Chico Mendes e Renato Pereira, que trabalham com Eduardo Paes (PMDB-RJ).
A ideia da campanha é a de que na Venezuela pós-Hugo Chávez democracia quer dizer justiça social e quem insistir em debater conceitos ideológicos com o atual presidente ou martelar sobre ataques a liberdade de expressão vai perder a batalha do eleitorado.
Para David Smilde, especialista em Venezuela e professor da Universidade da Geórgia, a oposição sempre aceitou gratamente a proposta de polarizar com Chávez, porque não acreditavam que ele tinha força eleitoral real e, quando perdiam, reclamavam de fraude.
"Nas campanhas passadas, a oposição respondeu alegremente aos esforços de Chávez para polarizar com suas próprias ações e retóricas polarizadoras, convencidos de que simplesmente a população ia 'acordar' para os perigos de Chávez e mudar o voto", escreveu Smilde no blog que comanda sobre Venezuela no centro de estudos Wola (Escritório em Washington para a América Latina, na sigla em inglês).
"A campanha de Capriles representa uma importante inovação por ter entendido isso e quebrado essa lógica, mesmo que parte de seus apoiadores não tenha feito o mesmo", seguiu ele.
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