Sarkozy é interrogado em acusação de financiamento ilegal de campanha

O ex-presidente da França, Nicolas Sarkozy, foi interrogado pela Justiça francesa nesta quinta-feira sobre a acusação de financiamento ilegal durante sua primeira campanha à Presidência, em 2007.

Os magistrados o acusam de ter recebido cerca de € 4 milhões (R$ 10,4 milhões) de contas na Suíça de doação de Liliane Bettencourt, herdeira da multinacional de cosméticos L'Oreal, a mulher mais rica da França.

O valor recebido pelo ex-presidente foi três vezes maior do que o obtido por seus adversários na época, François Fillon e Jean-Francois Cope. Sarkozy nega as irregularidades.

O juiz Jean-Michel Gentil pode decidir, após sua primeira sessão de perguntas, se coloca Sarkozy em uma investigação judicial completa. Tais investigações não conduzem automaticamente a um julgamento e muitas vezes leva meses ou anos para serem concluídas.

Foi a primeira vez desde que saiu da Presidência, em maio, que ele foi questionado sobre o financiamento ilegal. Como parte da investigação sobre as relações financeiras com Bettencourt, a polícia invadiu a residência de Sarkozy e seus escritórios em Paris, em julho.

FUTURO

O financiamento ilegal de campanha pode dificultar o futuro político do ex-presidente. Quando ele saiu do Palácio do Eliseu, em maio, disse que não voltaria à política, mas 52% dos conservadores franceses o veem como favorito para ser candidato em 2017.

Advogados também estão exigindo que Sarkozy se explique em outros dois casos, um relativo aos termos de uma venda de submarinos para o Paquistão e outro sobre despesas em pesquisas de opinião por seu gabinete, quando ele era presidente.

Desde sua derrota nas eleições para o esquerdista François Hollande --que levou o UMP para a oposição depois de uma década no poder-- Sarkozy seguiu a carreira de outros ex-líderes, como Bill Clinton e Tony Blair, tornando-se um palestrante estrela.